Análise das subpopulações de células T e B e mapeamento de epítopos de linfócitos T em amostras de indivíduos com malária vivax residentes em uma área endêmica brasileira. 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ferreira, Natália Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42135/tde-15082022-182334/
Resumo: Considerada um dos maiores problemas de saúde pública, a malária no Brasil causa alta morbidade, atingindo quase exclusivamente a população da região amazônica, sendo o Plasmodium vivax a espécie mais prevalente no país. As frequentes infecções induzem a geração de uma imunidade clínica que protege o indivíduo das complicações da doença, mas não da infecção. Células B e T exercem importante papel na resposta imune protetora e, diante disso, neste trabalho, algumas subpopulações destes dois grupos celulares foram analisadas em amostras de células mononucleares de sangue periférico (PBMCs) obtidas de indivíduos com malária vivax na fase aguda e convalescente, de indivíduos controles expostos não infectados, moradores de uma área endêmica brasileira, e de indivíduos controles não expostos. Por citometria de fluxo multiparamétrica, a análise de PBMCs de 41 pacientes com malária, em comparação com 40 controles expostos não infectados, mostrou um aumento da frequência de células T reguladoras (Treg) que expressam CTLA-4 (uma molécula imunossupressora), com os níveis de expressão desta molécula sendo proporcionais à parasitemia. A frequência de células T foliculares reguladoras (Tfr) positivas para CTLA-4 também estava aumentada durante a malária. Estas células são um subgrupo das células Treg que atuam na regulação da resposta de células B e células T auxiliares foliculares (Tfh) nos centros germinativos. Células Tfh são especializadas em auxiliar as células B na produção de anticorpos com alta afinidade. Em nossas análises, foi observado que a infecção pelo P. vivax induziu um aumento da frequência destas células, com aquelas de perfil Th1 e Th2 estando em maiores proporções, quando comparadas aos controles expostos. Durante a malária aguda também encontramos maiores proporções de células B de memória atípica, que são mantidas mesmo após o tratamento da doença. O contrário foi observado para a população de células B reguladoras (Breg) com fenótipo CD24hiCD27+, que apresentaram uma queda em suas frequências na fase aguda da infecção. Após estímulo em cultura com lipopolissacarídeo (LPS), phorbol-12-myristate-13-acetate (PMA) e ionomicina, uma maior frequência de diversas subpopulações de células B produtoras de interleucina-10 (IL-10) foi encontrada nas amostras dos pacientes na fase aguda da malária em comparação com a fase convalescente (38 amostras pareadas analisadas). A resposta imune específica das células T CD4+ também foi investigada utilizando 25 pares de amostras de pacientes com malária aguda e na fase convalescente, 25 controles expostos e 13 controles não expostos. Para isso, foi realizado o mapeamento de peptídeos presentes em três proteínas expressas pelos merozoítos do P. vivax: o ectodomínio do antígeno 1 de membrana apical (AMA1ect), o domínio II da proteína de ligação ao antígeno Duffy (DBPII) e a porção de 42 kDa da proteína 1 de superfície do merozoíto (MSP1-42). Utilizando ensaios de ELISpot, foram identificados dois peptídeos imunodominantes que induziram a produção de IL-10 em 20 e 16% das amostras de fase aguda da malária, com um deles estando presente na DBPII e o outro na MSP1-42, respectivamente. Como estes peptídeos não foram amplamente reconhecidos na fase convalescente, concluímos que a resposta celular específica encontrada na fase aguda não é mantida após o tratamento da infecção.