Memória e(m) discurso na \"Palavra Cantada\": sentidos sobre criança e infância

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gonçalves, Maria Beatriz Ribeiro Prandi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-29062020-115829/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os processos de constituição, formulação e circulação de discursos produzidos pela Palavra Cantada, uma dupla de cantores/compositores que se dedicaram desde o início da carreira, em 1994, ao mundo infantil brasileiro. Ou seja, a partir das composições e do amplo mercado musical conquistado, retomamos os sentidos do que é ser criança e da definição de infância, gerados pela dupla. Ao pensarmos na Palavra Cantada, lidamos com uma dupla que faz músicas para (e sobre) sujeitos-criança no decorrer de 26 anos de carreira, mas quais dizeres/sentidos se inscrevem nessas canções? De que sujeitos-criança eles falam? Qual o imaginário do que o sujeito-criança gosta? Ou qual é o imaginário de criança discursivizado pela dupla? Para observar a desnaturalização desses dizeres, é necessário compreender o modo como o sujeito está relacionado com a formação discursiva (FD), pois, dependendo da FD na qual o sujeito está inscrito, uma mesma palavra pode significar o oposto ou emergir na história diferentes gestos de interpretações. Assim, dentre os diferentes saberes que poderiam embasar a feitura desta pesquisa, é a análise de discurso (AD) de matriz francesa, sobretudo as reflexões de Michel Pêcheux promovidas na terceira fase, que comporá nossa empreitada teórico-metodológica; tal teoria nos proporcionou grandes reflexões na esteira da construção de nossos objetivos, pois, por meio de sua heurística, foi possível problematizar e lançar um olhar crítico acerca de tais processos de constituição, formulação e circulação nos discursos sobre/para a criança e a infância nas músicas infantis. Nesse sentido, é a partir do referencial teórico, na perspectiva discursiva, que buscamos compreender e analisar o discurso criado pela dupla brasileira acerca do universo da infância, analisando os efeitos de sentido gerados sobre o que pode e deve ser dito a respeito da e para a criança. Como corpus analítico, mobilizamos um conjunto de canções gravadas que refletem sentidos sobre esse cenário infantil. Por conseguinte, temos como finalidade mostrar como os efeitos de sentidos construídos pelos discursos produzidos pela Palavra Cantada, no interior do interdiscurso, permitem revisitar a história da composição musical infantil reconstruindo-a a partir de novas memórias que se instauram no e pelo discurso, isto é, observamos na sua produção discursiva traços que retomam certos imaginários socialmente construídos do que é ser criança e da infância por meio do processo de circulação, que ressignifica, assim, a sua história e os seus sentidos na contemporaneidade. O imaginário e o ideológico nas canções endereçadas aos sujeitos-criança são discursivizados nas produções da Palavra Cantada a respeito da infância e do brincar, reafirmando o tido como politicamente correto, isto é, identificada aos sentidos da ideologia dominante concernente a uma formação discursiva capitalista. Apesar dessa novidade com a tecnologia, a Palavra Cantada não rompe com as fronteiras de gênero e classe social, mas, sim, reafirma os sentidos já inscritos na memória da sua formação ideológica (capitalista).