Mulheres em criação: de tudo aquilo que fizemos juntas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Borzilo, Nathália Bonilha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-14032022-201401/
Resumo: O que sabemos sobre as mulheres de nossas famílias? Mãe, tias, avós, bisavós? Onde elas nasceram, como viveram, o que fizeram em suas trajetórias de vida? O que aprendemos com as histórias das mulheres que nos antecederam e pariram?. Em abril de 2019, eu, Nathália Bonilha, convidei um grupo de atrizes-pesquisadoras para iniciar uma jornada de investigação artístico-pedagógica junto às mulheres de suas respectivas famílias sanguíneas. Eu escolhi Teresinha de Toledo Bonilha, minha avó materna, parceira com quem passei a ter uma série de encontros que motivaram a criação artística-acadêmica desta investigação, desenvolvida ao lado das outras mulheres. De natureza radicalmente qualitativa, amparada pelo entrelaçamento metodológico da autoetnografia, das investigações baseadas nas artes e dos estudos feministas, esta pesquisa se desenhou ao passo dos meus pés, numa situação de trânsito entre a universidade e a vida comum. Portanto, das minhas andanças entre pessoas, autoras e fazeres artístico-pedagógicos, nasceu esta escrita. De natureza autoetnográfica, a trajetória aqui desenhada partiu de memórias e experiências pessoais, em direção às compreensões culturais sobre o que as narrativas de nossas antepassadas revelam através de seus corpos-experiências de mulheres, mães, avós, tias. Olhando com as lentes feministas, busquei traçar considerações sobre as construções de gênero que herdamos pelas estruturas familiares da sociedade capitalista e patriarcal em que fomos criadas. Para isso, eu percorri três campos de estudo, entrelaçando aspectos pedagógicos e artísticos: (1) encontros com as atrizes-pesquisadoras, que resultaram na organização metodológica de 15 provocações criativas, chegando à criação da dramaturgia De tudo aquilo que fizemos juntas; (2) encontros com Teresinha, nos quais desdobrei as provocações lançadas ao grupo de atrizes, resultando na criação do solo artístico Encontros comigo mesma, ou Em busca da pessoa útil que há mim; (3) encontros comigo mesma, nos quais, em diálogo com as autoras feministas, fui construindo interpretações da realidade e elaborando, entre teoria e prática, o pensar e o fazer metodológico desta investigação. Provocada pelas memórias das mulheres que estiveram comigo, o presente texto deseja refletir o que eu aprendi na experiência viva de encontrá-las, assumindo-se que a trajetória da pesquisa não partiu de conceitos, mas de pessoas: pessoas que carregam histórias e relações com a pesquisadora. Portanto, os capítulos que compõem a dissertação trazem em seus títulos os respectivos nomes das mulheres que provocaram em mim a articulação criativa da investigação. Construindo a pesquisa no chão da casa de minha avó, penso: por que não compreender o espaço doméstico como local de produção de conhecimento, criação e resistência diária das mulheres frente às opressões de gênero naturalizadas nas histórias familiares? Como o patriarcado e o capitalismo se inscreveram historicamente nos nossos corpos e narrativas? Com o movimento das reflexões do íntimo para o social, do privado para o público, vislumbro ao final desta narrativa, a possibilidade de instaurar fazeres artístico-acadêmicos amparados nas epistemologias da vida comum