O corpo erótico das palavras: um estudo da obra de Raduan Nassar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Azevêdo, Estêvão Andózia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-28012016-120821/
Resumo: Este estudo tem como objetivo investigar a obra completa de Raduan Nassar e analisar de que forma a vertigem, a desmedida e o excesso inerentes ao erotismo moldam sua prosa. Essa obra ficcional encena, de variadas maneiras, a impossibilidade da verdade perante a pletora de possibilidades da palavra. Em geral, o embate entre as personagens ganha em complexidade quando um dos disputantes é também o dono da voz, apegado ao privilégio de transmitir sua visão única dos fatos. Na tensão entre uma apologia da destruição irrestrita da verdade e a defesa feroz da própria fala, reside uma afirmação categórica da virilidade do narrador, que é, na maior parte das vezes, realizada de forma violenta. Se isso acontece, talvez seja porque se trata, quase sempre, de uma virilidade à beira de um colapso e, se assim o for, potencializada tanto pela intensidade quanto pela precariedade. Essa hipótese ganha fôlego quando nos lembramos de que os confrontos entre o feminino e o masculino compõem um dos eixos da ficção de Nassar, não raro fortemente erotizada. A poética de Raduan Nassar esforça-se em ocultar o referente contextual e fazer o leitor perder-se em seu labirinto textual de pistas falsas ou bem guardadas. Daí a voracidade e a maneira em geral dissimulada com que se serve de textos tão distintos como os da Bíblia, do Alcorão, dos mitos gregos, da filosofia, da tradição hermético-alquímica, da literatura. Poética que opta por um caminho subterrâneo, sinuoso e indireto, entre a realidade e a ficção, e que leva em conta o fato de todas as questões humanas trazerem, sob a máscara da linguagem e o disfarce do cinismo, um componente fundamental de luta pelo poder e de controle de corpos.