Análise histórica das relações entre desenvolvimento econômico e estrutura fundiária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1976
Autor(a) principal: Germer, Claus Magno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-151740/
Resumo: Após a II Guerra Mundial a situação econômica dos países do chamado Terceiro Mundo alcançou especial destaque em todas as esferas. As pesquisas econômicas revelaram uma realidade paradoxal: apesar de dependerem basicamente da agricultura, grande parte da população destes países dispunha de pouca ou nenhuma propriedade sobre a terra. Desta constatação resultou a convicção de que o atraso econômico estaria associado à concentração da propriedade fundiária. Assim sendo, a redistribuição da propriedade seria uma pré-condição para o desenvolvimento, entendido como desenvolvimento do capitalismo. Esta dissertação teve por objetivo testar a hipótese assim formulada, através do estudo das relações entre a estrutura fundiária e o desenvolvimento do capitalismo. Optou-se por uma análise destas relações na experiência histórica dos países capitalistas mais evoluídos e do Brasil. Foram selecionados três países europeus (Inglaterra, França e Alemanha) e, além do Brasil, os Estados Unidos, nas Américas. A análise dos países europeus foi precedida pela caracterização do regime de produção feudal, das condições da sua crise e desagregação, da transição para o capitalismo e do caráter desta transição. O estudo dos países americanos permitiu uma rápida abordagem dos debates, atualmente em curso, acerca da caracterização dos modos de produção vigentes nas Américas durante o período colonial. Foi feita também uma análise comparativa das experiências de desenvolvimento dos Estados Unidos e do Brasil. Esta pesquisa permitiu concluir que, nos países analisados, a transição para o capitalismo não exigiu uma prévia redistribuição da propriedade da terra, mesmo onde esta era muito concentrada. Em geral, a distribuição fundiária herdada do período anterior foi respeitada e se transformou, posteriormente, em resposta às exigências do desenvolvimento capitalista. Antes e depois, a estrutura fundiária não atuou como elemento autônomo sobre a evolução econômica, mas se organizou e sofreu transformações segundo as exigências da economia dentro da qual estava implantada. Pôde-se constatar, também, que nenhum elemento isolado, tal como a estrutura de distribuição da propriedade fundiária, é suficiente para a compreensão da trajetória de uma economia. Especialmente após o advento do comércio mundial de longa distância e, concomitantemente com ele, do regime capitalista, a evolução de uma economia em particular só pode ser compreendida quando se leva em consideração o conjunto das circunstâncias históricas, internas e externas, que a envolveram em cada momento.