Produtivismo acadêmico e saúde dos docentes na Pós-Graduação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Teixeira, Talita da Silveira Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-30082019-094459/
Resumo: Introdução: Em um mundo globalizado, regido pela lógica capitalista da produtividade, novos cenários se emolduram no mundo do trabalho. Essas mudanças se refletem no trabalho docente e culminam na intensificação no trabalho, em um ambiente laboral competitivo, com forte pressão pelo desempenho quantitativo e pelo cumprimento de metas, podendo levar ao adoecimento físico e mental desses trabalhadores. Objetivos: Avaliar a relação entre a percepção sobre a pressão para publicação com a satisfação no trabalho e desequilíbrio entre esforço e recompensa (estresse no trabalho). Metodologia: A população de estudo foi constituída por 64 docentes vinculados a Programas de Pós-graduação de três unidades da Universidade de São Paulo, sendo: Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências atmosféricas e Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: questionário sociodemográfico, laboral e de saúde; escala de satisfação no trabalho do Occupational Stress Indicator - OSI; Escala Effort-Reward Imbalance - ERI (Desequilíbrio Esforço-Recompensa). Resultados: A maioria dos professores era mulher, sendo a mediana de idade de 58 anos, morava em São Paulo e tinha um filho morando na residência. Os docentes estavam distribuídos em 14 programas de pós-graduação, sendo 75% estavam credenciados no Programa de Saúde Pública. A mediana do tempo de trabalho na USP foi de 15,4 anos e 98% trabalhavam em regime de dedicação exclusiva. Mais de 78% relatou realizar parte do trabalho acadêmico em casa e 82% relatou trabalhar nos fins de semana. Aproximadamente 50% dos docentes relataram realizar atividades fora de suas atribuições de função, apresentando como justificativa o número de funcionários insuficientes. Mais da metade dos professores já haviam trabalhado anteriormente em instituições de ensino superior, a maioria deles em instituições particulares. Em relação à escala de percepção da percepção da pressão por publicação (de 0 a 10), mais da metade atribuiu nota 9 a 10. O modelo Desequilíbrio Esforço-Recompensa mostrou que 85% dos docentes estavam em desequilíbrio, condição que sugere estresse laboral. Não houve associação estatisticamente significante entre a satisfação no trabalho e a percepção da pressão por publicação. Maiores proporções da percepção de elevada pressão para publicação foram encontradas entre professores que já haviam trabalhado em outra instituição de ensino superior, que realizavam parte do trabalho em casa e que estavam em desequilíbrio entre esforço-recompensa. A partir do Modelo Linear Generalizado houve associação estatisticamente significante entre a percepção da pressão por publicação com as médias do esforço, do comprometimento excessivo e do coeficiente esforço-recompensa, ajustados pelo tempo de trabalho na USP, função de gestão acadêmica e bolsa produtividade. Conclusão: Na população estudada a percepção da pressão por publicação foi associada a níveis mais altos de esforço no trabalho bem como de comprometimento excessivo e maior desequilíbrio entre esforço empregado e recompensa recebida no trabalho. Além disso, ter trabalhado anteriormente em instituição de ensino superior e realizar parte do trabalho acadêmico em casa também foram associados a maiores níveis de percepção da pressão por publicação. Sugere-se que esses achados se estabeleçam tanto em razão de como o docente recebe as pressões, responsabilidade e exigências das demandas na universidade quanto por suas características pessoais no enfrentamento das demandas de estresse no trabalho.