Análise da vegetação arbórea e conservação na Reserva Florestal da Cidade Universitária \"Armando de Salles Oliveira\", São Paulo, SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Dislich, Ricardo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-23012006-225920/
Resumo: Este trabalho analisa aspectos, em diversas escalas temporais e espaciais, da estrutura e dinâmica da comunidade arbórea na Reserva da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO) (23º33\' S, 46º43\' W), em São Paulo, SP. A partir dos dados obtidos são sugeridas ações de manejo para fins de conservação da comunidade arbórea no local. A Reserva é uma mancha de floresta secundária com cerca de 10 ha de área. O histórico (1930-1994) das modificações da paisagem no entorno (330 ha) da Reserva é descrito, e evidencia o processo de urbanização ocorrido no período, com conseqüente diminuição de área coberta por vegetação herbácea e aumento da área coberta por construções. As áreas florestadas sofreram declínio e posterior recuperação parcial. Cerca de 40% da Reserva tem vegetação com mais de 70 anos de idade, e 22% são áreas com menos de 27 anos de idade, localizadas próximo às bordas. Foi realizado o mapeamento, medição de DAP e identificação de todas as 1157 árvores com DAP &gt; 25 cm em 8,58 ha (Área 1, a área total da Reserva com exceção do lago e uma porção de 1,5 ha dominada por Eucalyptus sp.) e de todas as 1270 árvores com DAP &gt; 9,5 cm em 2 ha (Área 2) no interior da Reserva. Na Área 1 foram encontradas 91 espécies (10,9% exóticas) e índice de Shannon H\' = 3,34 nats/ind., com 33,7% das espécies sendo representadas por apenas um indivíduo. Espécies exóticas e nativas introduzidas estão, em geral, restritas às porções próximas à borda, com exceção de Archontophoenix cunninghamiana. Não existem áreas na Reserva a mais de 110 m de distância da borda, devido ao seu tamanho e formato. Análises de correspondência mostram variação importante na comunidade (DAP &gt; 25 cm) com a distância da borda até cerca de 50 m, mas sugerem maior importância da idade da vegetação na determinação da composição da comunidade. Na Área 2, foram encontradas 103 espécies (10,7% exóticas) e H\' = 3,54 nats/ind. Foram descritas as mudanças na estrutura e composição da comunidade arbórea (DAP &#8805; 15,9 cm) ocorridas entre 1992 e 1997 em uma área de 100 x 50 m no interior da Reserva. Densidade e área basal da comunidade total aumentaram consideravelmente no período; diversidade e equabilidade permaneceram praticamente as mesmas, mas diversidade e equabilidade de espécies nativas diminuíram. Entre as árvores com DAP &#8805; 9,5 cm, em uma área de 2,1 ha, A. cunninghamiana foi a espécie com maior densidade, com 305 indivíduos (22,5% do total). A espécie mostra preferência por estabelecimento em locais sombreados. A análise da estrutura de tamanhos indica um aumento futuro da densidade relativa da espécie. Dois levantamentos com 2,5 anos de intervalo (DAP &#8805; 9,5 cm) mostraram a morte de três dos 154 indivíduos iniciais e o recrutamento de mais 89, levando a um crescimento populacional de 19,4 %.ano-1, muito elevado. CUAKIA, um gap model derivado de KIAMBRAM, foi parametrizado para simular o estado atual da floresta na Reserva. O modelo previu uma fase sucessional inicial dominada por Piptadenia gonoacantha, seguida por uma fase de dominância de Croton floribundus e Alchornea spp. e, posteriormente, por Ficus insipida e outras espécies de dossel tolerantes à sombra e de grande longevidade. A distribuição espacial de árvores em múltiplas escalas espaciais foi analisada usando a função L (modificação de K de Ripley) e g uni e bivariada. O conjunto de indivíduos com DAP &gt; 25 cm apresentou distribuição regular em pequenas escalas (r < 6 m) e agregada em escalas maiores (17 m < r < 115 m). Quase todas as espécies analisadas apresentaram distribuição agregada em alguma escala espacial. Os resultados sugerem competição em pequena escala e limitação de dispersão de sementes como os principais fatores determinantes dos padrões encontrados. Os dados de mapeamento das árvores com DAP &gt; 25 cm foram usados para a divisão da Reserva em áreas de vegetação relativamente homogênea. Análise de correspondência foi usada como ferramenta de ordenação de parcelas circulares (r = 10 m) dispostas em uma grade regular com espaçamento de 10 m. Os valores de cada parcela foram mapeados e com base nestes mapeamentos foram definidas nove zonas de manejo no interior da Reserva. Uma das zonas é quase exclusivamente ocupada por Eucalyptus sp.. Outras apresentam predominância de espécies exóticas e/ou plantadas na Reserva. Sugere-se a introdução de espécies nativas e o controle de exóticas, especialmente A. cunninghamiana, no interior e no entorno da Reserva.