Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silva, Thais Aparecida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-26112024-085301/
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Resumo: |
A bacia do rio São Francisco (RSF) estende-se por mais de 600 mil km2 na porção leste da América do Sul e pode ser dividida, quanto à fisiografia, em quatro setores (I- IV). Seus setores mais à jusante (III-IV) drenam a área com menores índices de precipitação do Brasil, controlados pelo Cavado do Nordeste. A planície costeira associada à foz do rio reúne os maiores campos de dunas transgressivos ativos e inativos do trecho progradante da Região Nordeste do país. Apresenta, em superfície, mudança de configuração dos depósitos eólicos, do interior para a costa: cordões de paleodunas frontais paleocordões de precipitação campo de dunas transgressivo atual. Estas mudanças indicam variações, ao longo do tempo, dos três fatores que controlam o influxo sedimentar eólico: aporte e disponibilidade de sedimentos eólicos e capacidade de transporte do vento. Estes, por sua vez, são determinados, em sistemas eólicos costeiros terrígenos, por três controles principais, inter-relacionados: clima, nível relativo do mar (NRM) e aporte sedimentar continental. O objetivo mais geral desta pesquisa foi comparar o registro sedimentar das unidades eólicas reconhecidas na planície costeira associada à foz do RSF e verificar sua distribuição no tempo. A meta foi testar ou validar hipóteses de mudanças climáticas regionais e de relação, supostamente invertida, entre aporte sedimentar fluvial (ou taxa de progradação) e formação de campos de dunas. Para o alcance desta meta e objetivo, foram estudados sedimentos ao longo do rio, do sistema eólico e do registro holoceno médio e tardio de um testemunho marinho adjacente à foz. Os métodos incluíram: processamento de dados climáticos e imagens de satélite; análise de fácies dos depósitos eólicos, com coleta de amostras, inclusive para geocronologia por luminescência opticamente estimulada (LOE); análises sedimentológicas (granulometria; minerais pesados; sensibilidade LOE) em depósitos eólicos e fluviais; e análises de sensibilidade LOE, de isótopos radiogênicos e de partículas carbonizadas no testemunho marinho. Os principais resultados obtidos mostraram que houve diminuição significativa da precipitação ao longo do Holoceno na parte mais à jusante da bacia do RSF (setores III-IV) em resposta à intensificação do Cavado do Nordeste. Em contrapartida, os setores mais à montante (I e II), influenciados pelo Sistema de Monção da América do Sul (SMAS), tiveram clima úmido no mesmo período, e, com isso, dominaram o aporte sedimentar fluvial que chega à foz. O padrão de precipitação antifásico entre setores de montante e jusante, observado para o Holoceno, atua ainda nos dias de hoje. Com isso, o campo de dunas ativo possui um controle climático local, ligado aos setores de jusante, e outro regional, ligado aos de montante. Devido ao controle regional, a maior entrada de sedimentos provindos da bacia hidrográfica no sistema costeiro ocorre no verão austral; e é no verão também que, devido ao controle local, a menor umidade no setor IV favorece maior disponibilidade de sedimento eólico e, também, maior capacidade de transporte pelo vento. Quatro gerações de dunas eólicas (G1, G2, G3 e a ativa, G4) foram identificadas. Identificaram-se também possíveis depósitos de antigos lençóis de areia eólica, cronocorrelatos a G1, sobre paleopraias (PP) atribuídas ao Estágio Isotópico Marinho 5e. G1, campo de dunas inativo sobre a Formação Barreiras, com idades entre 18,7 e 13,5 ka, formou-se provavelmente por volta do Último Máximo Glacial (UMG) e estabilizou-se principalmente no Estadial Heinrich 1. G2, composta por cordões de dunas frontais, formou-se durante o Holoceno Médio (idades entre 7,6 e 4,3 ka) quando a progradação, favorecida pela estabilização do NRM, consumiu grande parte da areia costeira, o que reduziu o aporte sedimentar eólico. G3, campo de dunas inativo, com idades entre 3,7 e 0,7 ka, e também G4, formaram-se quando a aridificação nos setores mais à jusante (III- IV) da bacia do RSF favoreceu a disponibilidade sedimentar eólica e, ao mesmo tempo, diminuiu o suprimento fluvial arenoso à foz. Com a redução do suprimento de areia fluvial, houve diminuição da progradação da linha de costa, o que favoreceu o aporte sedimentar eólico e, somado à maior disponibilidade eólica, levou à formação dos campos de dunas de G3 e G4. |