Revisão sistemática e ontogenética dos materiais cranianos atribuídos ao gênero Mariliasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia) e suas implicações taxonômicas e paleobiológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Augusta, Bruno Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/38/38131/tde-30062014-144530/
Resumo: Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini 1999 é um crocodilomorfo Notosuchia do Cretáceo da Bacia Bauru. Este táxon possui um registro fóssil relativamente comum, e diversos espécimes (incluindo animais juvenis) são conhecidos. Portanto, ele representa um dos poucos táxons fósseis que permitem uma análise ontogenética, e seu desenvolvimento foi comparado com o do gênero Caiman (incluindo C. latirostris, C. crocodilus e C. yacare), um crocodilomorfo atual de ampla distribuição pela América do Sul. Foram empregadas as seguintes metodologias para comparação das trajetórias ontogenéticas dos táxons fóssil e atual: descrição qualitativa, morfometria linear e morfometria geométrica. Os dados obtidos destacaram trajetórias ontogenéticas comuns aos dois táxons, que foram interpretadas como o resultado de um padrão plesiomórfico aos Crocodyliformes, e distintas trajetórias ontogenéticas que foram relacionadas, principalmente, a diferentes adaptações ecomorfológicas. A ocorrência de tendências ontogenéticas como a manutenção de uma fenestra supratemporal de grandes proporções ao longo da ontogenia, a expansão anterior do articular e do côndilo mandibular do quadrado, o aumento na espessura da camada de esmalte dentário e a alometria positiva das fenestras infratemporal e mandibular sugerem que Mariliasuchus amarali aumentava gradativamente seu controle e capacidade de processamento alimentar ao longo de seu desenvolvimento. A análise ontogenética também mostrou fortes evidências de que o espécime UFRJ-DG 56-R, interpretado por Nobre et al. (2007a) como uma nova espécie dentro do gênero Mariliasuchus (M. robustus), é na verdade um indivíduo de M. amarali em avançado estágio de desenvolvimento e não uma nova espécie. O espécime MZSP-PV 760 é descrito pela primeira vez no presente trabalho. Suas características anatômicas sugerem que o mesmo não é um indivíduo juvenil de Mariliasuchus, como pensado anteriormente, mas parece estar relacionado ao clado que inclui ambos M. amarali e Adamantinasuchus navae (outro crocodilomorfo da Bacia Bauru). MZSP-PV 760 representa o mais jovem crocodilomorfo pós-embrionário já descrito para o Cretáceo de Gondwana. Uma reanálise da dentição altamente heterodonte em M. amarali mostrou a ocorrência de um novo morfótipo dentário (pré-molariforme), descrito pela primeira vez no presente trabalho. Uma coroa de cada morfótipo dentário foi extraída do espécime MZSP-PV 813 para análise da microanatomia do esmalte dentário e do padrão de organização dos cristais de esmalte, descritos pela primeira vez para um Notosuchia. A descrição de um novo morfótipo dentário representa uma inesperada adição para uma já complexa condição heterodonte em M. amarali, corroborando com a hipótese de OConnor et al. (2010) de que os Notosuchia podem ter ocupado nichos ecológicos e ecomorfoespaços, durante o Cretáceo do Gondwana, tão complexos quanto os de mamíferos.