Avaliação do efeito da lidocaína tópica intra-auricular sobre o zumbido: um ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado por placebo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Campos, Tatiane Vacaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5143/tde-30112023-171849/
Resumo: Introdução: O zumbido é um sintoma prevalente, que pode impactar drasticamente a qualidade de vida do indivíduo e para o qual ainda não há um tratamento comprovadamente eficaz. A lidocaína tem sido muito investigada apresentando altas taxas de supressão do zumbido, porém seu uso sistêmico não se mostrou viável devido à resposta fugaz e ao risco de efeitos colaterais potencialmente graves. A observação clínica de que alguns pacientes referiam melhora significativa de zumbidos crônicos após a aplicação tópica de gotas otológicas contendo lidocaína indicadas primariamente para o tratamento de otite externa, motivou nossa retomada às pesquisas com essa droga. Objetivo: Avaliar a ação da lidocaína 10% tópica intra-auricular sobre a percepção da intensidade do zumbido em comparação ao placebo. Métodos: Ensaio clínico randomizado, crossover, duplo cego, controlado por placebo, realizado em indivíduos adultos, com zumbido contínuo há pelo menos 6 meses. A ação da lidocaína foi determinada através da variação da intensidade do zumbido medida pela escala visual analógica (EVA), pelo tinnitus loudness (intensidade do zumbido identificada na acufenometria) e pelo nível mínimo de mascaramento (NMM). O estudo foi controlado por placebo e as medidas foram realizadas imediatamente antes e 5 minutos após a aplicação de lidocaína ou placebo. O estudo foi randomizado para determinar a ordem de aplicação das substâncias e os pacientes foram seus próprios controles, tendo sido submetidos ao crossover após15 dias da primeira análise. A variação da intensidade na EVA, do tinnitus loudness e do NMM antes e após a aplicação das substâncias foi comparada entre a lidocaína e o placebo. A variação da EVA, do tinnitus loudness e do NMM após lidocaína ou placebo foi comparada com as variáveis sexo, bruxismo/ disfunção temporomandibular (DTM), alterações cervicais, zumbido somatossensorial, modulação e perda auditiva. Os dados foram analisados através do uso de Equações de Estimação Generalizadas (EEG), seguidas de Comparações Múltiplas de Bonferroni. Resultados: Foram avaliados 32 pacientes, sendo 18 do sexo masculino, com idade média de 54 (±13,7) anos. Perda auditiva foi encontrada em 18,8% da amostra. O zumbido era bilateral em 59,4% dos pacientes, sendo simétrico em 42,10%. A média de tempo de percepção de zumbido na orelha de estudo foi de 70,9 (±69,2) meses e o tipo de zumbido mais frequentemente encontrado foi o apito. Foram avaliadas 12 orelhas direitas e 20 orelhas esquerdas. A média da EVA variou de 6,3 (±1,8) para 5,5 (±2,1) na aplicação de lidocaína e de 6,3 (±2) para 5,2 (±2,6) na aplicação do placebo (p = 0,361). A média do tinnitus loudness variou de 7,2 (±7,8) para 5,6 (±7,7) na aplicação de lidocaína e de 6,4 (±8,4) para 4,6 (±8,3) na aplicação do placebo (p = 0,850), enquanto a média do NMM variou de 4 (±3) para 3,7 (±2,9) na aplicação de lidocaína e de 4,8 (±2,4) para 3,8 (±2,2) na aplicação do placebo (p = 0,213). A variação na EVA foi em média estatisticamente menor nos pacientes com qualquer perda auditiva independentemente da substância utilizada (p Fator = 0,005), a variação no tinnitus loudness foi, em média, estatisticamente maior nos pacientes com modulação do zumbido independentemente da substância (p Fator = 0,049), bem como foi menor nos pacientes com qualquer perda auditiva independentemente da substância (p Fator = 0,045). A variação do NMM foi, em média, estatisticamente menor nos pacientes com bruxismo/DTM independentemente da substância (p = 0,026). Conclusão: Não houve diferença estatisticamente significativa na variação da intensidade do zumbido, quando comparados lidocaína 10% manipulada e placebo, aplicados de forma tópica intra-auricular