Isolamento e caracterização de fungos da cromoblastomicose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Vicente, Vânia Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11138/tde-20230818-145434/
Resumo: Os fungos dematiáceos compreendem um grande número de espécies agrupadas pela característica de apresentarem pigmentação na parede celular das células vegetativas e reprodutivas. São encontrados na natureza, integrando principalmente a microbiota do solo e a matéria orgânica em decomposição, distribuindo-se em regiões de clima tropical e subtropical. Muitos deles são sapróbios e de crescimento rápido, porém existem os que exibem tendência evolucionária à patogenicidade em hospedeiros vertebrados e são, portanto, reunidos dentro da família Herpotrichiellaceae. Entre as principais doenças causadas por estes agentes, destacam-se a cromoblastomicose e a feohifomicose. Em geral, a infecção ocorre devido à implantação traumática destes no tecido hospedeiro, podendo permanecer localizada com a formação de corpos muriformes no caso da cromoblastomicose ou interiorizar-se e disseminar-se com verificação de elementos fúngicos não diferenciados no tecido do hospedeiro, caracterizando a feohifomicose. A cromoblastomicose ocorre principalmente entre a população rural de zonas tropicais, relatada no Brasil e em especial distribuindo-se por todo o Estado do Paraná, onde o traumatismo por fragmentos vegetais é a principal causa da infecção. Desta forma, o presente trabalho foi realizado com a finalidade de isolar fungos dematiáceos relacionados com a cromoblastomicose em locais de ocorrência da doença, no Estado do Paraná e compará-los por meio de micromorfologia, fisiologia, marcadores RAPD e seqüências ITS, com linhagens referência e de pacientes provenientes das regiões correspondentes aos locais de coleta. De um total de 540 amostras analisadas, foram recuperados 81 isolados dematiáceos (15,0 %) com morfologia semelhante à dos agentes clássicos da cromoblastomicose, como Fonsecaea pedrosoi, Phialophora verrucosa e feohifomicose tais como Cladophialophora bantiana e Exophiala jeanselmei. Na região do primeiro planalto foi recuperado o maior número de agentes, sendo os gêneros Ramichloridium e Cladophialophora os mais freqüentes. Os isolados sapróbios foram comparados com linhagens referência de Rhinocladiella, Ramichloridium, Fonsecaea referência e isolados de pacientes com cromoblastomicose. Um grupo distinto foi formado para as espécies do gênero Fonsecaea, reunindo agentes da cromoblastomicose e alguns isolados sapróbios. Um subgrupo foi observado agrupando linhagens patógenas e isolados sapróbios provenientes da mesma região, geneticamente relacionados com o gênero Cladophialophora. Linhagens com morfologia tipo Ramichloridium foram encontradas dispersas por toda família Herpotrichiellacea. A formação de um complexo denominado C. arxii foi verificada reunindo a maior parte dos isolados sapróbios. Elementos de inserção, “introns”, dentro da subunidade menor 18S do DNAr, foram observados nas espécies correlacionadas com o gênero Cladophialophora. As espécies C. bantiana e E. spinifera, contendo agentes de infecção sistêmica em potencial, apresentaram-se claramente separadas do grupo Fonsecaea, indicando uma possível distinção de agentes de infecção traumática cuja formação de corpos muriformes parece ser o principal fator de virulência em cromoblastomicose humana, assim como, os “introns” estão diretamente relacionados com a evolução dos agentes responsáveis por infecções sistêmicas. O potencial para a formação de corpos muriformes “in vitro”, presença de “introns” e a proximidade genética com isolados patógenos demonstram o potencial patogênico dos isolados sapróbios.