Mobilização e modernização nos cerrados piauienses: formação territorial no império do agronegócio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Alves, Vicente Eudes Lemos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-23042007-131621/
Resumo: Objetiva-se, nesse estudo, analisar os novos processos de modernização que se impõem nos cerrados piauienses produzidos pela presença da agricultura moderna. Tal movimento teve inicio nos anos 1970 com os primeiros projetos agropecuários e de reflorestamentos instalados através de incentivos fiscais e financeiros públicos, mais se consolida somente em meados dos anos 1990 com a ampliação do deslocamento de migrantes sulistas e de empresas do agronegócio para aquela área. Resultou dessa ocupação a apropriação privada de amplas parcelas de terras devolutas dos platôs planos onde havia uso comunitário pela população local, as quais são transformadas em mercadorias valorizadas no mercado imobiliário. As manifestações de mudanças aparecem tanto sobre o espaço agrícola que se altera diante da incorporação dos aparatos da técnica e da ciência tornando-se homogêneos, e sobre o espaço da cidade que ganha novas formas e funcionalidades. Tanto o rural quanto o urbano do sul do Estado do Piauí revelam os processos contraditórios da recente modernização, pois se transformam, simultaneamente, em espaços de produção de riqueza e de manifestação de crises. Ao mesmo tempo em que se anunciam formas inovadoras que aceleram o ritmo de produção e de circulação das mercadorias sob a liderança de empresas globais, evidencia-se a expropriação de levas de camponeses cujas únicas possibilidades disponíveis passam a ser a de venderem sua força de trabalho nas lavouras modernas de grãos em condições de extrema precarização, ou a de se instalarem nas periferias miseráveis das cidades do agronegócio. Acrescenta-se, ainda, como elemento da crise o agravamento das condições de degradação dos ambientes naturais por conta do avanço acelerado das lavouras modernas nos domínios dos gerais, afetando os ecossistemas locais. Busca-se, nesse sentido, apontar que a atual modernização dos cerrados piauienses se faz produzindo descompassos sócio-espaciais. Ela se configura, portanto, como um processo essencialmente excludente.