Avaliação das atividades antimicrobiana, antisséptica e esterilizante de extratos e metabólitos de Baccharis dracunculifolia D. C. e Pinus elliottii Engelm

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Bernardes, Cristiane Teixeira Vilhena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60138/tde-17042015-103523/
Resumo: Baccharis dracunculifolia, conhecida popularmente como \"alecrim do campo\" é um arbusto lenhoso, nativo das regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, muito utilizada na medicina popular como agente anti-inflamatório e no tratamento de doenças gastrointestinais e úlceras, sendo relatadas ainda atividades antibacteriana, antifúngica e antiparasitária. Pinus elliottii é uma espécie exótica, que foi introduzida no sudeste brasileiro como espécie de reflorestamento e se espalhou rapidamente. As plantas desse gênero são ricas em componentes fenólicos e terpenos, dos quais alguns diterpenos apresentam atividade antimicrobiana. Com a ressurgência de micro-organismos resistentes à ação dos antimicrobianos, há interesse em se investigar novas substâncias para o tratamento de infecções tópicas e sistêmicas, bem como o desenvolvimento de produtos antissépticos ou esterilizantes, para serem empregados em ambientes domésticos, industriais e hospitalares. No presente estudo foram obtidos os extrato das partes aéreas e raízes de B. dracunculifolia (Extrato BD e BD-R) por meio de processo de maceração em solução hidroalcoólica 96:4 e o extrato do lavado glandular das folhas de B. dracunculifolia (BD-L). Os extratos foram submetidos a diferentes modalidades cromatográficas e avaliações antimicrobianas. O Extrato BD foi submetido a fracionamento em HSCCC (cromatografia de contracorrente em alta velocidade) associado a CLAE-PREP, fornecendo a flavona hispidulina, o flavononol aromadendrina 4\'-O-metil éter e o fenilpropanoide ácido p-cumárico. A Fração BD-RH foi submetida a fracionamento por coluna clássica e duas das frações resultantes foram submetidas a processo de recristalização fornecendo os triterpenos óxido de baccharis e o friedelanol. Frações do extrato BD-L foram submetidas a fracionamento por cromatografia líquida a vácuo (CLV) e coluna clássica, resultando em 30 frações que foram submetidas a CLAE-PREP, fornecendo a flavanona isosakuranetina e o flavonol 3- O - metil - kaempferol. Obteve-se também o extrato da resina de P. elliottii que foi submetido à hidrodestilação em Clevenger para a retirada de sua fração volátil e o decocto restante foi particionado com AcOEt o que possibilitou a obtenção do extrato da resina de P. elliottii (extrato PE). O extrato foi submetido a CLAE-PREP fornecendo o ácido deidroabiético. Para os extratos BD e PE foram determinadas as atividades frente as micobactérias M. avium, M. kansasii, M. smegmatis, M. tuberculosis e M. bovis, utilizando-se a metodologia para determinação da concentração inibitória mínima (CIM). Ambos os extratos apresentaram-se ativos frente as micobactérias testadas, exceto o extrato de B. dracunculifolia frente a M. smegmatis. Avaliaram-se também as atividades antibacteriana e antifúngica do extrato das folhas de B. dracunculifolia, suas frações e substâncias isoladas, bem como de padrões comerciais de B. dracunculifolia. Foram também avaliados o extrato BD-L e o extrato BD-R, bem como o extrato PE e a substância majoritária isolada do mesmo. As atividades foram avaliadas para determinação da CIM frente às bactérias S. aureus, P. aeruginosa, S. choleraesuis, E. coli, B. subtilis, H. pylori e aos fungos T. mentagrophytes e C. albicans. Nenhum extrato, ou fração de B. dracunculifolia foi ativo frente às bactérias Gram negativas e somente a substância isosakuranetina foi ativa frente a S. choleraesuis, mas sem capacidade bactericida. O extrato PE foi ativo frente a todos os micro-organismos avaliados, exceto E. coli. O ácido deidroabiético, isolado do mesmo, foi ativo frente a todos os micro-organismos, exceto as bactérias Gram negativas. Avaliou-se também a associação dos extratos de B. dracunculifolia, suas frações, bem como o extrato de P. elliottii, em concentrações sub-inibitórias em associação aos antimicrobianos de uso comercial, frente aos mesmos micro-organismos avaliados para a determinação da CIM. Observou-se uma interação negativa dos extratos e frações de B. dracunculifolia com o antifúngico cetoconazol ii que apresentou valores de CIM mais elevados quando associado aos extratos e frações em comparação ao observado sem a associação. Apenas o extrato da resina de PE reduziu os valores de CIM quando associado ao cetoconazol. Já quando associados ao antifúngico fluconazol observou-se uma interação benéfica entre todos os extratos e frações avaliados, observando-se como melhor resultado a redução dos valores de CIM de 512 ?g/mL para 2 ?g/mL quando o fluconazol foi associado à fração F. AcOEt BD (50 ?g/mL), reduzindo também os valores de CFM de 512 ?g/mL para 64 ?g/mL, o que indica a possibilidade de associação entre o antifúngico comercial e os extratos BD e PE como uma nova abordagem frente a crescente resistência aos antimicrobianos disponíveis no mercado. Avaliou-se também o potencial desinfetante bactericida da solução hidroalcoólica de B. dracunculifolia a 0,2% em álcool 40º GL, a qual foi efetiva frente às bactérias S. aureus, P. aeruginosa, S. choleraesuis e E. coli. Avaliou-se também a atividade desinfetante fungicida frente a T. mentagrophytes, das soluções hidroalcoólicas a 0,2% à 40ºGL de B. dracunculifolia e de P. elliotti, bem como da solução hidroalcoólica 40ºGL, como controle. Ambas apresentaram-se ativas e o controle não foi ativo contra os micro-organismos avaliados. Os extratos a 0,2% em álcool 40ºGL foram melhores do que os observados na determinação da CIM. Portanto, sugere-se que o álcool 40ºGL esteja agindo como um adjuvante possibilitando melhor atividade ao extrato. As soluções de B. dracunculifolia e de P. elliotti separadas e em associação foram avaliadas para determinar a atividade desinfetante esporocida frente aos micro-organismos B. subtilis e C. sporogenes, mas não foram ativas. Conclui-se que as duas plantas avaliadas apresentam potencial para o desenvolvimento de produtos antimicrobianos, destacando-se o efeito sinérgico dos extratos em associação com o fluconazol.