Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Maria, Guilherme Pinheiro |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11153/tde-08042022-093158/
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Resumo: |
O fenômeno dual-career tem sido explorado através da ótica dos casais engajados em suas carreiras, e que ao mesmo tempo, mantêm um compromisso com a família. Neste contexto, os estudos sobre dual-career estiveram atentos às questões de gênero, à medida em que discutem as transformações ocorridas nos papéis tradicionalmente atribuídos à mulher e ao homem, que navegam pelas esferas do trabalho e da família. Contudo, enquanto um corpo teórico consistente foi criado em torno das relações que envolvem o trabalho e a família para os casais heteroafetivos, pouco se sabe sobre as relações que envolvem a mesma interface para os casais homoafetivos, que por sua vez, levam a pauta da diversidade até as organizações. Diante disso, este estudo buscou compreender como os casais homoafetivos, formados por pessoas do mesmo sexo, vivenciam a relação trabalho-família no contexto da dual-career. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, com dez casais homoafetivos, seis casais masculinos e quatro casais femininos. Foram conduzidas entrevistas individuais, totalizando vinte pessoas entrevistadas. A análise dos dados foi realizada através da técnica de análise de narrativa. Quatro categorias de análise foram geradas e discutidas. A primeira categoria, intitulada “A identidade homossexual como produto da socialização”, evidenciou a maneira como os entrevistados reconhecem suas identidades sexuais e como elas são socializadas. Aqui foi possível verificar que cada um manifesta seu próprio processo de reconhecimento e desenvolvimento da identidade homossexual, e com base nesse processo, sente-se pertencido, ou não, à comunidade LGBTQIA+. A segunda categoria, “A carreira customizada à identidade homossexual”, mostrou que a trajetória profissional dos entrevistados está costurada às suas identidades sexuais. Esse entrelace foi percebido através dos relatos que evidenciaram as escolhas de carreira sendo feitas sob a influência da condição minoritária carregada pela homossexualidade, e as dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho. A terceira categoria, nomeada “O protagonismo está na família”, chamou a atenção sobre as relações entre o trabalho e a família, para os casais que vivem a dual-career. De maneira geral, a família é colocada à frente do trabalho nas decisões que envolvem o direcionamento de carreira. Por fim, a quarta categoria, intitulada “A dual-career em uma leitura interseccionada”, identificou os relatos dos entrevistados que apontaram para formas combinadas de preconceito e discriminação sofridas por eles ao longo de suas experiências de vida e profissionais. Tais relatos demonstram que, para além da homofobia, os entrevistados enfrentam discriminação por pertencerem a outras categorias identitárias, como o gênero, a classe social, a étnico-racial e a geracional. Os resultados desta pesquisa demonstraram que os casais homoafetivos vivenciam a relação trabalho-família de maneira única, evidenciando para as organizações, a necessidade de se olhar para a dimensão familiar, e não somente individual, em suas práticas e políticas de promoção e inclusão da diversidade. Como sugestão para estudos futuros, indica-se a inclusão de mais identidades sexuais e de gênero em torno da comunidade LGBTQIA+, que possam contribuir para o desenvolvimento da temática da dual-career. |