Microplásticos têxteis : emissão de fibras sintéticas na lavagem doméstica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cesa, Flavia Salvador
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100133/tde-19102017-105403/
Resumo: Há tempos a ubiquidade dos materiais plásticos no meio ambiente é assunto de discussão, com destaque para as partículas menores, ditas microplásticos (< 5 milímetros). Fibras provenientes de materiais têxteis são um subgrupo dos microplásticos e têm origem em diversas fontes, incluindo lavagens domesticas, uma vez que filtros de lavadoras e sistemas de tratamento de esgoto não são desenhados especificamente para retê-las. Quando no meio ambiente, estes materiais podem alcançar concentrações até milhares de unidades por metro cúbico, ficando disponíveis a uma gama de espécies. Neste cenário, o presente estudo teve como objetivo avaliar parâmetros de lavagem, e características têxteis que pudessem influenciar no desprendimento de fibras em efluentes de lavadoras domesticas. Foram realizados experimentos com dez sucessivas lavagens individuais, com e sem detergente, para quatro tipos de artigo: algodão (como padrão de comparação), acrílico, poliéster e poliamida. Os efluentes foram então filtrados (< 1 milímetro, 500 mícrons, 63 mícrons, 8 mícrons) e pesados. Resultados demonstram que todos os artigos têxteis liberaram fibras na lavagem. Dez sucessivas lavagens representaram queda na massa desprendida, bem como o uso de detergentes em comparação a lavagens sem detergente. Diferenças entre artigos sugeriram variação conforme características têxteis, onde algodão liberou mais fibras, seguido de acrílico, poliamida e poliéster. Em relação ao tamanho das fibras, a maioria ficou retida no filtro da lavadora (< 1 milímetro) e na peneira de 63 mícrons, mostrando o potencial de diminuição de porosidade do filtro. A visualização de fibras em papel-filtro de 8 mícrons sugere a existência de fibras micro e nano. Convertendo massa para numero de unidades, a lavagem individual de um artigo têxtil mostrou desprender entre milhares e centenas de milhares de fibras. Para uma extrapolação mundial, cerca de 40,4 mil toneladas de algodão e 21,5 mil toneladas de fibras sintéticas seriam liberadas em efluentes de esgoto. No Brasil estes valores corresponderiam, respectivamente, a 1,6 mil e 860 toneladas ano. Caso fossem tratadas em estações de tratamento de esgoto em condições ideais, seriam liberadas, em um ano, cerca de 737 toneladas de fibras sintéticas em escala mundial e 29 toneladas em escala nacional. Uma vez em cursos d\'água, estas fibras atingiriam, em ultima instância, o ambiente marinho, indicando a necessidade por soluções que combatam este tipo de poluição, sem antes deixar de explorar as lacunas do conhecimento, relacionadas, no âmbito têxtil, especialmente às diferenças metodológicas entre os estudos.