Moda, Aparência Feminina e Revolução Grisalha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Aires, Bárbara Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100133/tde-26052023-144943/
Resumo: Na contemporaneidade, surge e ganha visibilidade um movimento social, de abrangência internacional, denominado revolução grisalha. Nele, mulheres de diversas idades estão assumindo os cabelos brancos e grisalhos como símbolo de libertação dos padrões sociais de origem patriarcal. Assim, a revolução grisalha tem caráter estético, identitário, político e individual. O objetivo da pesquisa foi investigar o movimento revolução grisalha e o seu alcance na moda, por meio da revolução das aparências femininas e seus significados. O primeiro estudo tratou-se de uma revisão de escopo envolvendo os termos cabelo branco e grisalho. Os resultados indicaram que ambos são entendidos como marcadores biológicos de envelhecimento, velhice e ser velho/idoso, sejam como sinônimos ou caracterização física. Derivam conjuntos de significados polarizados: autonomia, poder e libertação versus negação, decadência, perdas e estereótipos. O segundo estudo foi uma revisão narrativa, cujo objetivo foi caracterizar, discutir e documentar a produção existente sobre a revolução grisalha, principiante veiculada nas mídias. Observou-se uma tensão entre os discursos de libertação dos padrões de beleza normativos e a midiatização do movimento como tendência de moda, que representa e reproduz perfis femininos tradicionalmente cultuados. Por fim, realizou-se um estudo de caso etnográfico sobre o conteúdo da revista ELLE Brasil. Buscou-se identificar e caracterizar o possível alcance do movimento na indústria da moda, por meio das aparências femininas. A análise apontou o alcance processual e ascendente, partindo da discreta presença inicial, seguida por sua visibilidade identitária, ampliação, legitimidade e sinais de naturalização. A tônica da revolução grisalha aparece nos diversos segmentos da revista. O ápice é a mais recente criação do chamado look grisalho como tendência e produto de moda, adotado por jovens fashionistas e estilistas, de forma artificial. Por meio do estudo da ELLE Brasil, conclui-se que o movimento revolução grisalha alcança a indústria da moda ao vermos sua presença refletida na capa, matérias, desfiles, streetwear, campanhas e editoriais de moda, com destaque para o conteúdo imagético e estético. Porém, ainda avança de forma a reforçar antigos padrões estéticos de beleza, por meio da inserção e destaque de mulheres com cabelo branco e grisalho que são brancas, magras e, a maioria, jovens. Novas pesquisas devem ser realizadas, considerando que se trata de um tema ainda muito pouco explorado no campo da Moda.