Uma abordagem preliminar à taxonomia de Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) (Serpentes: Colubrinae), com base em dados morfológicos e moleculares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Azevedo, Weverton dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-22032023-153954/
Resumo: Tantilla é um dos gêneros mais diversos entre os colubrídeos do Novo Mundo, com 67 espécies dispostas em seis grupos fenotipicamente reconhecidos. O grupo T. melanocephala é o segundo mais diverso do gênero, incluindo 10 espécies majoritariamente distribuídas pela América do Sul. Dessas, T. melanocephala é a que apresenta a maior distribuição geográfica e o mais complexo histórico taxonômico. A espécie é encontrada desde a metade leste do Panamá até o norte da Argentina e Uruguai, e apresenta populações isoladas em Trinidad e Tobago, Granada, São Vicente e Granadinas, ilha colombiana de Gorgona e ilha brasileira do Arvoredo. Desde a sua descrição formal feita por Linnaeus em 1758, T. melanocephala acumulou uma extensa lista de sinônimos tornando a sua identidade taxonômica atual incerta. O polimorfismo entre, e dentro de suas populações, confundiu todas as tentativas anteriores de resolução das relações evolutivas entre as unidades morfológicas. Dentro do grupo T. melanocephala, T. boipiranga representa uma das populações polimórficas, recentemente elevadas ao nível de espécie. Ela foi descrita para a região da Serra do Espinhaço, no estado brasileiro de Minas Gerais. Porém, a ausência de dados moleculares, bem como, a escassez de espécimes conhecidos para esta espécie, põe em dúvida a sua validade. Diante deste conturbado histórico e da carência de estudos sobre a estrutura genética e fenotípica das populações historicamente associadas a T. melanocephala, nós realizamos uma revisão taxonômica, visando lançar luz sobre a história bicentenária dessa espécie e pavimentar o caminho para futuras revisões mais abrangentes. Através de análises filogenéticas integradas com análises morfológicas comparativas, nós reavaliamos e revisitamos a taxonomia de T. boipiranga e T. melanocephala visando testar os seus status taxonômicos e os seus posicionamentos filogenéticos. Investigamos também a existência de possíveis novos táxons dentro de T. melanocephala. Nossos resultados recuperaram T. melanocephala como parafilética e apontaram para a existência de diversidade oculta dentro da espécie. Eles também confirmaram que T. boipiranga e as populações de T. melanocephala do sul do Brasil são geneticamente distintas e diagnosticáveis com base em uma combinação exclusiva de características morfológicas. Com isso, nós descrevemos uma nova espécie de Tantilla para o sul do Brasil e estimamos os tempos de divergência dos principais clados dentro desse complexo de espécies. Também fornecemos discussões a respeito da taxonomia da espécie T. melanocephala e delimitamos as respectivas distribuições geográficas das três espécies. Adicionalmente, nossos resultados corroboram a monofilia dos grupos de espécies, T. coronata e T. planiceps, e a parafilia dos grupos, T. taeniata, T. calamarina e T. melanocephala. Esse cenário revela que Tantilla representa um modelo ideal para estudar mecanismos evolutivos que promovem variabilidade morfológica e avaliar a validade de grupos fenotipicamente delimitados de serpentes do Novo Mundo.