Turismo para quem? Os dilemas e desafios para a articulação do Turismo de Base Comunitária na Baía de Castelhanos, Ilhabela (SP)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Marcondes, Daniella de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100134/tde-08052024-135801/
Resumo: Esta tese analisa a prática do turismo de uma perspectiva crítica, discutindo os dilemas e desafios para a articulação do Turismo de Base Comunitária (TBC) na Baía de Castelhanos, localizada na face oceânica do arquipélago de Ilhabela SP. A partir do olhar ampliado sobre a ilha, problematiza-se o modelo de turismo convencional e os reflexos da criação do Parque Estadual de Ilhabela relacionando-os com o processo de urbanização vivido na face continental da Ilha, bem como os impactos socioeconômicos sobre a comunidade caiçara, com destaque para o aumento da pressão sobre esses territórios tradicionais. Enraizado em todo litoral brasileiro, esse modelo de turismo hegemônico, padronizado globalmente e caracterizado pelo foco no mercado e na grande escala construiu novas paisagens e desconfigurou as dinâmicas socioculturais locais, aprofundando relações de exclusão, de dominação, de exploração do trabalho e desmobilizando a organização política dessas comunidades. Efeito desta dinâmica, o caiçara acabou por ser posicionado à margem, em relações de trabalho subalternas assentadas na prestação de serviço com baixos salários. O objetivo desta tese é identificar de que maneira o Turismo de Base Comunitária pode consorciar as práticas socioprodutivas e saberes dos caiçaras de Castelhanos com vistas a transformar a situação de invisibilidade e subalternidade produzida pela lógica do turismo predatório e legitimado, atuante no arquipélago. Para isso, parte-se da hipótese de que a desarticulação social e política da comunidade caiçara impede que o TBC seja pilar para a construção de um processo endógeno de geração de renda para o enfrentamento do modelo atual de turismo, podendo ser encarado, em vez disso, como elemento guarda-chuva consorciado a atividades relacionadas à cultura e à identidade do lugar, assim como às políticas públicas inovadoras. O método utilizado foi a pesquisa-ação-participante, cujas bases assentam na construção dialética do conhecimento por meio do diálogo entre a teoria e a prática, com a condução de entrevistas com jovens, aplicação de questionários com adultos e a observação participante. Como parte constituinte da ação da pesquisa, desenvolveu-se o Ciclo de Formação, vindo a ser este um projeto de extensão na modalidade de curso de difusão direcionado e concebido pelos integrantes das comunidades, subsidiando as discussões e problematizações aqui apresentadas. Esse modo de construção do TBC não só evidencia a relevância de um processo que buscou estabelecer um diálogo entre os saberes, mas explicita o caráter consorciador do TBC com potencial descolonizador. Como resultado, essa pesquisa contribui para consolidar a visão de futuro dos jovens no Plano de Ação para o fortalecimento do TBC de Castelhanos que consorcia práticas tradicionais, políticas públicas e dialoga com o turismo instalado no território.