Ser homem de 45 a 55 anos na relação heterossexual: da ruptura do silêncio a reflexões de paradigmas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Marrega, Maria Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-10102006-095421/
Resumo: MARREGA, M. F Ser homem de 45 a 55 anos na relação heterossexual: da ruptura do silêncio a reflexões de paradigmas. 2005. 319 p. Dissertação. FFCLRP- Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005. Resumo A heterossexualidade se apresenta como padrão de sexualidade instituído como norma sexual adequada, portanto pouco investigado. A definição de homem como chefe do lar, forte, inatingível emocionalmente, consiste na oposição da idéia do conceito do que é ser mulher, considerada sensível, frágil e passiva. Esse conceito patriarcal possui como paradigma uma definição clara de papéis de gênero, sendo legitimado pela divisão social de trabalho, na qual os homens situam-se na esfera pública da sociedade, provendo materialmente a família, enquanto as mulheres são aptas à esfera privada, zelando pelo lar e pelos filhos. Entretanto, as conquistas sexuais das mulheres e sua inserção no mercado de trabalho, ocasionaram mudanças nesse cenário. Isso juntamente com as conquistas dos homossexuais e transexuais desencadeou mudanças significativas nos papéis de gênero e na estrutura familiar. Assim, essa pesquisa visa compreender como homens de meia-idade que se autodenominam heterossexuais vivenciam e significam suas experiências afetivas e sexuais, no decorrer de suas histórias. Centramos nossa atenção ao fenômeno: O que é a heterossexualidade? Entrevistamos 6 homens entre 45 e 55 anos, utilizamos a técnica de entrevista compreensiva gravada, norteada pela questão: “Na sua história de vida, da infância até os dias atuais, como você foi se percebendo heterossexual e como isso tem sido?". A metodologia fenomenológica foi utilizada para a obtenção dos relatos dos colaboradores, por meio da entrevista fenomenológica compreensiva. Os depoimentos foram analisados pela perspectiva psicanalítica e pela análise histórico sociológica. A heterossexualidade é descrita pela maioria dos colaboradores como sendo algo que brota do íntimo de forma natural e que se confirma por meio da intensa atividade sexual com as mulheres, assim como define-se também por oposição à identificação com o feminino e à possível inclinação homossexual. Esse modelo patriarcal do “homem de verdade", gera fortes características narcísicas na estrutura da identidade masculina, que se expressam intensamente na adolescência, dificultando a relação de troca afetiva na vida adulta. Sexo e afetividade são vividos de modo cindido, visto que o primeiro é vivido com mulheres com quem não se deve viver envolvimento e compromisso. O compromisso amoroso deve ser assumido com mulheres de família. As relações adultas são marcadas, assim, pelos esteriótipos dos papéis de gênero. Esse formato de relacionamento amoroso é questionado e refletido por alguns dos colaboradores na meia-idade, visto que dificulta a satisfação e a sensação de autenticidade na relação amorosa. Os padrões onipotentes e viris da ideologia patriarcal heterossexual são questionados pela maioria dos colaboradores, uma vez que não satisfazem mais a necessidade afetiva e sexual desses homens na meia-idade. Alguns colaboradores, entretanto realizam uma adaptação desses valores em um novo formato para se adequar às mudanças que o tempo impôs em seus relacionamentos. A busca por uma maior autenticidade na relação amorosa ocasionou na história de alguns colaboradores o abandono dos esteriótipos ligados aos papéis de gênero, assim como em relação ao formato burguês da família moderna, constituindo relacionamentos e grupos familiares diferentes do padrão da sociedade Moderna. Outros colaboradores permaneceram inseridos nesse padrão tradicional. Essa heterogeneidade, caracterizada pela mescla entre a pluralidade de modelos e o tradicional nos relacionamentos, configura o contexto da hipermodernidade, no qual essas vivências estão inseridas. Palavras Chave: heterossexualidade, masculino, Fenomenologia, Psicanálise