Uma alegria subversiva: o que se aprende em uma escola de samba?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Ramalho, Simone Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-30072010-145438/
Resumo: Este estudo explora a intersecção entre alegria e política. Parte da tese de que a alegria e a festa são possibilidades de agenciamento de forças a favor da vida, que podem produzir combate à homogeneização de existências e linhas de resistência coletivas a um modo de viver que sufoca vitalidades. Fundamentando-se na Psicologia Política de Wilhelm Reich, analisa a trajetória da Ala Loucos pela X, do Grêmio Cultural Escola de Samba X-9 Paulistana, projeto que emerge do encontro de uma escola de samba com o campo da saúde mental, no bojo do Movimento de Luta Antimanicomial. Narra os acontecimentos que compõem a estória desse coletivo de trabalho, de 2001 a 2009, percurso no qual se evidenciam radicais transformações existenciais e socioculturais nas vidas de seus participantes. Pessoas que antes estavam confinadas a corpos deficitários destinados àqueles que recebem a designação de portadores de transtornos mentais hoje descobrem que a alegria de viver pode ser mais subversiva em seus cotidianos do que aquilo que décadas de tratamentos biomédicos puderam lhes trazer. Como recursos metodológicos, este estudo se apoia nos conceitos de alegoria e narrativa, de Walter Benjamin, e de memória coletiva, de Maurice Halbwachs. Buscando entrever pelas frestas dos grandes acontecimentos sociais, encontra no território carnavalesco, considerado por uma longa tradição de pensamento como ópio do povo, a afirmação da vida na cultura popular como alegria e resistência, fazendo pulsar forças dionisíacas e processos coletivos transformadores. Conclui que os itinerários da Ala Loucos pela X testemunham a potência transformadora da alegria e convidam a pensar que encontros com a experiência trágica e plural, nos coletivos subterrâneos que persistem na Pós-Modernidade, podem ser bons alimentos para os dilemas vividos por quem enfrenta o campo do cuidado em saúde mental na atualidade. Constata que para além do mero entretenimento, instituições como as escolas de samba constituem-se como espaços abertos na vida das cidades em que se pode aprender que o convívio com a diferença e a construção de redes de sociabilidades subversivas à ordem social vigente são politicamente possíveis