Aplicação de critérios clínicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos de algoritmo para o diagnóstico precoce para micose fungoide na assistência especializada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Monteiro, Mariane de Moraes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17165/tde-25092024-113356/
Resumo: A micose fungoide (MF) e o principal subtipo de linfoma cutâneo de células T, representando cerca de 50% de todos os linfomas cutâneos primários, aqueles que acometem primariamente a pele. Em fases iniciais da MF, os achados histopatológicos característicos podem estar ausentes, dificultando o seu diagnóstico precoce. Visto essa dificuldade, faz-se necessária a aplicação de outros critérios e ferramentas que corroborem a hipótese da MF. O propósito do estudo foi analisar retrospectivamente a aplicação de critérios clínicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos, do algoritmo proposto pela Sociedade Internacional para Linfomas Cutâneos (SILC) para o diagnóstico da MF em pacientes assistidos em serviço especializado, e verificar se a aplicação sistematizada dessa ferramenta permite incrementar o diagnóstico de MF antecipadamente à confirmação pela análise histológica. Desenvolveu-se um estudo retrospectivo, caso-controle por meio do levantamento de dados hospitalares de pacientes com suspeição e diagnóstico de MF (CID: C84.0) assistidos em ambulatório especializado de um único centro, período 01 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2021. Na revisão dos prontuários eletrônicos e físicos, foi averiguada a presença dos critérios de elegibilidade para o estudo: i) suspeição clínica de MF; ii) presença de manchas (patches)/placas no exame clínico na avaliação inicial; iii) confirmação do diagnóstico histopatológico e/ou imuno-histoquímico de MF, na primeira análise ou nas subsequentes. Em seguida, no grupo de casos e de controles foram incluídos todos os pacientes que se apresentavam clinicamente com descritivo de patches e/ou placas no exame clínico da primeira avaliação, e na ausência dos achados histológicos clássicos para MF na análise da primeira biópsia, no grupo de casos, e na presença desses achados, no grupo de controles. Vinte e oito pacientes foram incluídos no estudo para a aplicação de critérios clínicos, histológicos e imuno-histoquímicos, previamente definidos pela SILC. Na comparação do grupo de casos versus o grupo de controles, a pontuação máxima de 2 pontos para a categoria de critérios clínicos foi atingida por 62,5% (5/8) e 70% (14/20) dos pacientes, respectivamente. Na análise de critérios histopatológicos, a pontuação máxima de 2 pontos para a categoria foi atingida por 25% e 75% dos pacientes; 1 ponto, por 50% e 20% dos pacientes; e nenhum ponto, por 25% e 5% dos pacientes, do grupo de casos e de controles, respectivamente. Na avaliação de critérios imuno-histoquímicos, a pontuação com 1 ponto foi atingida em 50% e 70% dos pacientes, respectivamente. Para o critério de marcação menor que 10% do marcador CD7 no infiltrado linfocitário foi observado em 60,71% (n=17) na amostra geral, em 50% dos pacientes no grupo de casos e 65% dos pacientes no grupo de controles. A discordância epidérmica de CD2, CD3, CD5 ou CD7 foi observada em 5% dos pacientes controles; sem o achado no grupo de casos. Nenhum paciente apresentou o critério de marcação menor que 50% para os marcadores CD2, CD3 e/ou CD5 na população linfocitária analisada. Na amostra geral, 19 pacientes dos 28 incluídos (67,86%) no estudo apresentaram 4 pontos ou mais, dos critérios analisados para o diagnóstico da MF. Dentre esses, 17 (85%) pacientes eram controles, e 2 (25%) do grupo de casos. Nosso estudo permitiu verificar retrospectivamente que a aplicação sistematizada dos critérios clínicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos definidos apresenta o potencial de incrementar a taxa de diagnóstico de MF em fases mais precoces para uma fração de indivíduos quando comparada à análise histopatológica clássica confirmatória. Deste modo, conclui-se que a aplicação sistematizada desses critérios para o diagnóstico da MF pode trazer benefícios para a prática assistencial, visto que foram utilizados elementos acessíveis para a maioria dos serviços especializados.