Dinâmica da reprodução da sardinha-verdadeira Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) no Sudeste-Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Patricio, Leandro Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21134/tde-10032022-153812/
Resumo: Os peixes conhecidos como pequenos pelágicos são os mais capturados pelas frotas pesqueiras no mundo, e o principal representante brasileiro é a Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879). Sua maior captura ocorreu em 1973 e desde então vem diminuindo. A dinâmica reprodutiva de uma espécie é importante para conhecer a capacidade de reposição e recrutamento dos estoques. Como parte do Projeto SARDINHA, o objetivo do presente estudo foi avaliar a dinâmica reprodutiva da sardinha-verdadeira na plataforma Sudeste-Sul do Brasil. Com 6672 sardinhas amostradas nos portos do Rio de Janeiro e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre os anos de 2015 e 2019, foram analisados a biometria, estádios de maturidade e suas variações temporais. O comprimento total médio foi 21,47 ± 2,3 cm, incluindo o maior espécime já reportado, com 34,2 cm. Foram avaliadas as variações da relação peso X comprimento, fator de condição, coeficiente alométrico, proporções sexuais, frequência dos estádios de maturidade e RGS. O período reprodutivo ocorreu de setembro a abril/maio e o recrutamento de maio a agosto. Os melhores valores do comprimento de primeira maturação gonadal (L50) variaram entre 15,24 a 19,59 cm. Através da histologia de 346 gônadas (216 ovários e 130 testículos), foram descritos a ovogênese (7 fases), e o desenvolvimento ovariano e testicular (5 estádios e 1 subestádio). A sardinha-verdadeira possui desenvolvimento ovariano assincrônico e desova parcelada, comprovados pela presença de folículos pós-ovulatórios recentes e ovócitos vitelogênicos e hidratados em mesmos indivíduos. Os testículos são tubulares e a espermatogênese semicística. Foram estimadas a relação do diâmetro dos ovócitos em cada estádio de desenvolvimento, sua frequência e o diâmetro médio de recrutamento dos ovócitos avitelogênicos. O processo de absorção dos folículos pós-ovulatórios foi classificado em 2 estádios e 3 subestádios. Os resultados das avaliações macroscópicas dos sexos e estádios de maturidade foram comparados com as microscópicas, havendo concordância de 87% dos sexos estimados e 33% dos estádios de maturidade. O L50 foi refeito a partir das análises microscópicas e os melhores valores variaram entre 16,2 e 20 cm. Este estudo apresenta a primeira descrição do ciclo de amadurecimento testicular e o registro da ocorrência de coccidiose por Eimeria em gônadas de Sardinella brasiliensis, com prevalência de 43 % e intensidade média de infecção de 1,23 nos testículos. Apenas 2% dos testículos estavam infectados severamente. Inferiu-se que a fecundidade não foi afetada pelo parasitismo. A fecundidade estequiométrica do lote de ovócitos maduros foi 25 mil ovócitos/fêmea. Os locais de desova no Rio de Janeiro foram identificados através dos indivíduos em estádio desova iminente. Levantou-se a hipótese de que há um \"estoque velho\", com \"poucos\" indivíduos, maiores, mais pesados e velhos, que vivem mais distante da costa, diferente do \"estoque jovem\", com indivíduos menores, que é explotado atualmente pelas traineiras. A pesca constante dos indivíduos do estoque jovem poderia permitir o aparecimento de indivíduos cada vez maiores e com o período reprodutivo mais extenso. Para confirmar essa hipótese são necessários os resultados de idade dessas sardinhas.