Caracterização do excretoma/secretoma de Strongyloides venezuelensis e sua aplicação no imunodiagnóstico da estrongiloidíase humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Gonzales, William Henry Roldan
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-16022023-194651/
Resumo: O presente estudo caracterizou, mediante análise imunoproteômica, os produtos de excreção/secreção (E/S) de larvas infectantes (iL3) de S. venezuelensis que foram mantidas a 37°C por 24 horas em meio RPMI 1640 (E/S-RPMI) ou em tampão fosfato salino, pH 7,2 (E/S-PBS) e avaliar sua aplicação no imunodiagnóstico da estrongiloidíase humana. Os resultados mostraram que os produtos E/S-RPMI e E/S- PBS possuem 20 e 21 bandas proteicas, com pesos moleculares entre 10 a 348 kDa, e presença de serinoproteases e metaloproteases. O Western-blotting demonstrou que ambos os tipos de produtos de E/S possuem ao menos 16 bandas antigênicas que foram reconhecidas pelo soro de pacientes com estrongiloidíase, das quais apenas uma banda de 36 kDa possui 93% de sensibilidade, 100% de especificidade e sem ocorrência de reatividade cruzada. A espectrometria de massas identificou um total de 71 e 62 proteínas nos produtos E/S-RPMI e E/S-PBS, respectivamente, das quais apenas 14 proteínas antigênicas foram compartilhadas entre ambos os tipos de produtos de E/S. A análise bioinformática sugere que mais de 50% das proteínas identificadas nos produtos de E/S são secretadas ao meio extracelular dentro de vesículas extracelulares ou exossomos e menos de 20% são realmente secretadas pela via clássica. Entre as diferentes proteínas identificadas no presente estudo, pode se ressaltar a presença de uma arginina quinase não glicosilada de 37 kDa, presente em ambos os tipos de produtos de E/S, que coincide com a banda de 36 kDa anteriormente mencionada. Existe uma proteína de domínio CAP que possui 50% de identidade com a proteína recombinante NIE de S. stercoralis, tem o potencial para capturar ácidos graxos e leucotrienos, e possui a sequência KGD com capacidade para se unir específicamente à integrina das plaquetas, inibindo assim a agregação plaquetária. Por outro lado, existe uma enolase de 47 kDa identificada em ambos os produtos de E/S que coincide com uma banda antigênica de 47 kDa reconhecida por mais do 96% dos pacientes com estrongiloidíase. Esta enolase possui o potencial para se unir ao plasminogênio, podendo ser utilizada ativamente pela iL3 de S. ix venezuelensis durante sua migração pelos tecidos do hospedeiro. Destaca-se a também a presença de duas proteínas 14-3-3 identificadas em ambos os tipos de produtos de E/S e com um alto grau de similaridade com seus homólogos presentes no ser humano e no camundongo. A análise bioinformática mostrou que as duas proteínas 14-3-3 são potencialmente antigênicas e são secretadas dentro de vesículas extracelulares. A análise estrutural mostrou que as duas proteínas 14-3-3 possuem a capacidade de união a diferentes proteínas fosforiladas, relacionadas com a ativação de linfócitos T e B, sugerindo um possível papel fundamental na modulação da inflamação e da resposta imune do hospedeiro. Todos estes resultados mostram que S. venezuelensis possui um interessante conjunto de proteínas com potencial antigênico que podem ser explorados como possíveis novos marcadores para o sorodiagnóstico da estrongiloidíase humana