Avaliação neuropsicológica e afetiva de crianças e adolescentes com epilepsia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Longato, Carolina Ruiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-13052015-151915/
Resumo: O estudo de características do funcionamento emocional de crianças com epilepsia é uma área relevante que pode proporcionar a compreensão do impacto deste quadro clínico crônico sobre o desenvolvimento afetivo e social infantil. A perspectiva de associar evidências empíricas da abordagem cognitiva e emocional, ampliando as estratégias comumente utilizadas nos processos de avaliação neuropsicológica pode permitir interpretações mais compreensivas sobre o quadro. Objetivou-se caracterizar o funcionamento cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes com epilepsia, a partir de instrumentos específicos de avaliação psicológica, evidenciando recursos e eventuais dificuldades adaptativas ao contexto de vida. Foram avaliados dois grupos clínicos de crianças e adolescentes de sete a 16 anos de idade, regularmente atendidos no Centro de Cirurgia de Epilepsia (CIREP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, a saber: Grupo 1 (pré-operatório, n=17): pacientes com epilepsia internados no CIREP; Grupo 2 (pósoperatório, n=18): pacientes que realizaram cirurgia de epilepsia, com controle das crises e que frequentam o ambulatório do CIREP. Foi composto um terceiro grupo (grupo de comparação, n=31) com voluntários de escolas públicas, equiparados em idade e sexo aos grupos clínicos. Os instrumentos utilizados foram: Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-III), Teste de Blocos de Corsi (TBC) e Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister. Foram realizadas análises descritivas e inferenciais, a fim de permitir caracterização neuropsicológica e do funcionamento afetivo das crianças e adolescentes. Por fim, foi realizado o perfil geral de resultados do grupo clínico (n=35) em cada instrumento utilizado e comparação com seus dados normativos. As evidências obtidas pelo SDQ apontam que os grupos de pacientes de epilepsia apresentam mais problemas relacionados a sintomas emocionais, hiperatividade, problemas com colegas e aprendizado escolar do que as crianças e adolescentes do grupo de comparação. Por meio dos testes cognitivos (WISC-III e Teste de Corsi), verificou-se que os casos clínicos apresentaram desempenho cognitivo e funcionamento da memória espacial inferior ao grupo de comparação. Já o método projetivo de avaliação de personalidade (Teste de Pfister) apresentou indicativos de menor inibição afetiva nos casos clínicos, comparativamente às crianças e adolescentes não pacientes, embora, de maneira geral tenha sido verificado que as vivências emocionais estão preservadas em todos os casos. Em comparação com os dados normativos, o grupo clínico apresentou resultados mais baixos nos escores de QI e em todos os subtestes avaliados (WISC-III), médias inferiores nas pontuações diante do Teste de Corsi (versão direta e inversa), além dos seguintes achados no Teste de Pfister: porcentagens médias das cores marrom e cinza e da síndrome estímulo significativamente maiores, porcentagens médias de branco e da síndrome incolor significativamente inferiores à média normativa, com preferência pela realização de tapetes furados. O conjunto dos achados sugere menor funcionalidade cognitiva e sinais de instabilidade no controle dos afetos no grupo com epilepsia, confirmando necessidade de intervenções específicas com essas crianças e adolescentes ao longo de seu desenvolvimento, de modo a estimular adequado aproveitamento de seus potenciais.