Imprensa negra e imprensa operária: experiências, diálogos e tensões entre trabalhadores negros e imigrantes na São Paulo do pós-abolição (1915-1932)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pastore, Victor Doutel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-12012021-152031/
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar as relações, tanto de diálogo quanto de tensão, entre as lideranças militantes do movimento negro e do movimento operário -- este formado majoritariamente por imigrantes e seus descendentes --, na Primeira República em São Paulo. Para isso, parte-se dos periódicos produzidos por ambos os grupos, convencionalmente chamados de imprensa negra e imprensa operária. Considera-se que a partir desses escritos é possível identificar as experiências, atuações políticas e conflitos entre os diferentes grupos de trabalhadores que habitaram a cidade no pós-abolição. Embora situados no mesmo contexto, convivendo nos mesmos territórios e compartilhando posições de classe, negros e imigrantes ocuparam diferentes postos de trabalho e foram confrontados com realidades discrepantes, sobretudo em função de questões étnico-raciais em uma São Paulo que ambicionava embranquecer. Em linhas gerais, os estrangeiros inseriram-se nos setores mais dinâmicos da incipiente industrialização paulista, enquanto os afrodescendentes esbarraram no racismo para ingressar no mercado de trabalho em reestruturação. Tais diferenças condicionaram múltiplas formas de fazer política entre os trabalhadores, com base em noções de etnia, nacionalidade, raça e classe, resultando em projetos, interpretações, expectativas e identidades plurais, diretamente canalizados em seus jornais. Neste trabalho, as imprensas produzidas pelos movimentos sociais são comparadas a partir de suas consonâncias e dissonâncias, mas também inter-relacionadas. A investigação indicou que a relação entre esses trabalhadores, em geral, foi tensa e impôs obstáculos para a formação de classe. Fatores como o racismo, o nacionalismo e a abundância de mão de obra disponível ofereceram dificuldades para potenciais atuações coletivas entre esses grupos contra as classes dominantes, alimentaram conflitos e distanciamento, e criaram dificuldades para o estabelecimento de laços de solidariedade no interior da classe trabalhadora