O consumo de alimentos em Botucatu, S.P.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1981
Autor(a) principal: Simon, Elias José
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20231122-100303/
Resumo: Neste estudo são analisadas algumas questões relacionadas ao consumo de alimentos, especialmente no que tange às suas relações com a distribuição de rendimento entre a população. Os dados utilizados foram obtidos na zona urbana do município de Botucatu, SP, a partir de um questionário sobre consumo alimentar aplicado junto a famílias de uma amostra, em janeiro de 1978. Foram entrevistadas 261 famílias, e o questionário visava, entre outras coisas, a obtenção de informações referentes às condições de moradia, ao rendimento monetário familiar, à despesa mensal da família com alimentos (no questionário constavam 143 tipos de alimentos), aos locais de compra destes alimentos e aos montantes das compras a vista ou a prazo. A análise baseou-se na classificação das famílias em sete estratos de rendimento mensal “per capita”. Foram, portanto abarcadas no mesmo estrato de rendimento pessoas com atividades bastante diversas tendo, porém em comum as mesmas bases financeiras para enfrentar as dificuldades, quando existentes, relacionadas à obtenção de alimentos. Tendo como quadro de referência alguns aspectos relacionados à produção agrícola, indústria alimentar, comercialização e consumo, pôde-se concluir que: a) os estudos sobre consumo de alimentos devem levar em consideração também outros fatores que muitas vezes parecem não ter ligação direta com a questão. Como exemplo, pode-se citar a importância do capital comercial e/ou industrial no sentido de ter maior controle sobre o processo de produção agrícola, bem como de utilizar diversos mecanismos visando o aumento da demanda e consequentemente “forçando” um determinado padrão de consumo; b) a distribuição desigual dos rendimentos reflete-se numa diferenciação da estrutura de consumo de alimentos; c) a maior parte dos gastos com alimentação das pessoas dos estratos de menor rendimento se dá com alimentos energéticos, ao passo que nos estratos superiores, essa proporção é maior para os alimentos proteicos animais. Mesmo assim, isso não significa que as pessoas de baixos rendimentos tenham suas necessidades calóricas satisfeitas; d) os locais de compra variam também conforme o nível de rendimento, destacando-se a importância dos empórios, armazéns e quitandas como fornecedores de alimentos às pessoas de baixos rendimentos. Quanto às estratégias utilizadas pelas pessoas de menores rendimentos, as principais conclusões foram que: a) em relação à habitação, essas pessoas procuram utilizar um espaço pequeno para reduzir o custo monetário da moradia. Enquanto para as famílias de menores rendimentos há a necessidade de se ter em torno de duas pessoas por quarto (no primeiro estrato de rendimento são em média 2,8 pessoas por quarto), no estrato superior há mais de um quarto por pessoa; b) a utilização do crédito (“caderneta”, “conta”) é uma prática bastante comum, especialmente junto aos empórios, armazéns e quitandas, permitindo manter uma continuidade nas compras de alimentos. Em Botucatu, do total de gastos com alimentos das pessoas com rendimentos até um salário mínimo, cerca de 29% é a prazo; c) é de grande importância a incorporação dos rendimentos de mulheres, menores e outros membros da família, que representam em conjunto mais de um terço do total de rendimentos das famílias dos três primeiros estratos. Esses rendimentos vem se somar ao rendimento do chefe na tentativa de assegurar a subsistência da família. Finalmente, cabe acrescentar que os programas de nutrição que procuram resolver a questão pelos determinantes aparentes da desnutrição (ignorância da população, etc.), sem alterar a renda e/ou sua distribuição, não constituem solução definitiva do problema.