As ideologias neurotecnoneoliberais: da utopia de Kurzweil à literatura distópica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Barbosa, Luciana Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47135/tde-18122024-171833/
Resumo: Esta pesquisa investiga algumas ideias que fundamentam projetos desenvolvidos na intersecção entre as neurociências e a tecnologia no Vale do Silício e seus impactos sociais e comportamentais. Para tanto, usa-se como ponto de partida 1) o estudo crítico do projeto de engenharia reversa do cérebro humano, que é abordado com mais ênfase no livro How to Create a Mind: The secret of human thought revealed (2012) de Ray Kurzweil, no qual o autor relaciona a neurociência aos seus projetos de inteligência artificial e propõe transformar um computador num cérebro similar ao do ser humano; 2) o estudo sobre o neoliberalismo como racionalismo político e as ideologias que o mantém; 3) a análise crítica do livro Neuromancer de William Gibson, no qual o romancista cria uma sociedade futurista distópica onde os humanos podem se fundir a máquinas e viver em realidades virtuais, os chamados ciberespaços; 4) a análise da representação ciborgue nos animes japoneses e sua influência na ficção-científica ocidental e 5) finaliza com a apresentação de outros futuros possíveis. A hipótese aqui apresentada, defende que o processo de construção de um cérebro digital, assim como as hipóteses de seu funcionamento, ancoradas em pesquisas do campo da neurobiologia, tal como são apresentadas pelo Kurzweil e retratadas no livro de William Gibson, embute aspectos de caráter ideológico e que este representa um pensamento hegemônico (mecanicista e cerebralista) nas áreas que se dedicam ao estudo do papel do cérebro no pensamento destes grupos do Vale do Silício que aqui são estudados. Este modelo de funcionamento do cérebro humano, assim como as tecnologias criadas a partir dele, também afeta o meio científico, tecnológico e acadêmico, e influencia outros âmbitos sociais, como o político, econômico, afetivo, da saúde, de trabalho ou das relações do humano com seu próprio corpo, tal como é apresentado ficcionalmente no livro Neuromancer de William Gibson. Por fim, esta pesquisa busca indicar outras alternativas possíveis e em curso em outras sociedades que coexistem a esse modo de pensamento hegemônico.