Resumo: |
As regiões afastadas dos grandes centros urbanos, mais especificamente as do interior de Minas Gerais, encontram-se no cerne do primeiro livro de João Guimarães Rosa, Sagarana (1946). Chama a atenção o modo como Rosa foca tais locais, bem como suas formas de sociabilidade: se a geração de 1930 aborda o interior do país sob seus vieses problemáticos, Guimarães Rosa lança um olhar simpático e afetivo para elementos como o familismo e a informalidade brasileiros, vislumbrando poesia em locais em que avultam precariedades materiais. Elaborando Sagarana num momento em que o atraso do país era interpretado, pela direita e pela esquerda, como resíduo e entrave ao progresso, Guimarães Rosa recua no espaço (para a região) e no tempo (para a Primeira República), desrecalcando a cultura do latifúndio. Esta dissertação busca discutir em que medida o autor mineiro, ao jogar luz sobre as benesses do provincianismo brasileiro, resgata o ideário forjado por nosso primeiro Modernismo e sua interpretação triunfalista do atraso |
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