Articulação do cuidado a crianças e adolescentes usuários de drogas: estudo de caso em uma Unidade de Acolhimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gomes, Julia Corrêa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-06022020-095347/
Resumo: Políticas públicas que visam proteger e cuidar de crianças e adolescentes com problemas relacionados ao uso de drogas são recentes e fragilmente estruturadas no Brasil. Nos últimos anos, temos assistido a um crescimento de internações de usuários de drogas, sobretudo de jovens. Unidades de Acolhimento infanto-juvenis (Uai) são modalidades apontadas pela legislação atual como opções de cuidado a esta população. Contudo, há escassez de estudos nessas instituições. Assim, este estudo tem como objetivo compreender como uma UAi do interior de São Paulo vem articulando o cuidado a crianças e adolescentes com necessidades decorrentes do uso de drogas em situação de vulnerabilidade social e familiar. Além de analisar as situações de vulnerabilidade social e familiar de crianças e adolescentes usuários de drogas acolhidos em uma UAi; compreender, a partir do referencial teórico da maternagem, como uma UAi vem oferecendo cuidado a crianças e adolescentes com necessidades decorrentes do uso de drogas em situação de vulnerabilidade social; e descrever características relacionadas ao fenômeno da porta giratória em uma UAi e analisar o modo como o serviço maneja este fenômeno. Para atingir estes objetivos, foi realizado um estudo de caso qualitativo, utilizando-se para a coleta de dados, 65 horas de observação participante com registro em caderno de campo, análise documental, entrevista semiestruturada com oito profissionais da UAi e grupo focal com seis profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil - Álcool e Drogas (CAPSiAD). A partir da análise de dados foram construídos três temas abrangentes denominados vulnerabilidades sociais, maternagem e porta giratória, divididos em três manuscritos. Esses temas abordam: 1) A análise das vulnerabilidades sociais vivenciadas pelos acolhidos que tratam sobre: exclusão social, situações de violência, conflito com a lei, situação de rua e relação familiar; 2) A importância de um ambiente estruturado e acolhedor, assim como, um olhar particularizado e empático dos profissionais para possibilitar a ampliação de perspectivas dos adolescentes e a construção de novas formas de se relacionar, a partir do diálogo e do manejo da agressividade; 3) Os fatores que contribuem para a ocorrência do fenômeno da porta giratória como a falta de vínculo e adesão familiar, subfinanciamento público e ausência de políticas públicas. Crianças e adolescentes usuários de drogas ainda são atendidos por dispositivos para adultos, desse modo, pensar formas de cuidado para essa população é fundamental para obter mais subsídios que possibilitem a formulação e construção de políticas públicas específicas. O uso de drogas é algo transversal às situações de vulnerabilidade comentadas, já que se trata de adolescentes acolhidos devido ao uso de drogas, mas seu tratamento deve ser planejado abrangendo questões sociais mais amplas. Caso contrário, o cuidado pode acabar revertido em novas formas de discriminação e exclusão social, sejam elas ocasionadas pela instituicionalização, medicalização, controle social, criminalização e patologização da pobreza. A família precisa ser preparada e instruída pelos profissionais para compreender as propostas do serviço e reconhecerem que fazem parte do processo de cuidado oferecido pelas instituições. São importantes ações que visem maior financiamento para implantação de serviços especificamente desenvolvidos para essa população, assim como, qualificação profissional e fortalecimento da rede para que a articulação do cuidado seja efetiva.