Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Farah, Paulo Daniel Elias |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-17052024-185248/
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Resumo: |
Esta tese analisa a importância de fontes em árabe e outras línguas não-indo-europeias –como mandinga, copta, siríaco e línguas africanas \'ajamiyya (grafadas em caracteres árabes)- para o conhecimento historiográfico a respeito da África entre os séculos VII (quando surge o Islã e se inicia a expansão muçulmana no continente, por meio de campanhas militares, acordos, alianças, comércio e mestres espirituais) e XIV (quando pensadores africanos islâmicos produzem obras basilares acerca da África e as primeiras fontes primárias sobre o Império do Máli). Para analisar essas fontes, adotou-se uma abordagem transdisciplinar que envolve historiografia, paleografia, geografia, teoria literária e linguística, entre outros campos do conhecimento. A forma como os eventos e os processos históricos aparecem nessas fontes é marcadamente distinta de abordagens eurocêntricas, posteriores ao século XV; com efeito, são extremamente escassas as fontes europeias acerca da África no período conhecido na historiografia europeia como Idade Média, o que reforça a relevância das narrativas em idiomas não-indo-europeus, escritas e orais. Permitem estas que se investiguem, entre outras temáticas, a fundação de cidades como Cairo, Fez, Marrakesh e Sidjilmassa, e de dinastias africanas como a almorávida e a almôada; as relações transaarianas; a circulação de conhecimentos e de mercadorias; as peregrinações religiosas e a centros de saber; e a organização de Estados como o de Ghana e do Máli. Como embasamento, destaca-se a teoria historiográfica desenvolvida por Abu Zayd Abdurrahman bin Muhammad bin Khaldun al-Hadrami, conhecido como Ibn Khaldun (1332-1406), e as reflexões de Joseph Ki-Zerbo (1922-2006), Aziz al-Azmeh (1947- ), Souleymane Bachir Diagne (1955- ) e François-Xavier Fauvelle (1968- ), entre outros pensadores. A pesquisa demonstra que mecanismos de colonialidade promovem a estereotipação e o apagamento de narrativas que problematizam a África com base em fontes não-indo-europeias. No Brasil, os impactos desse ocidocentrismo afetam a sociedade em geral e espaços educativos como escolas e universidades em particular. Ainda que as leis 10.639/03 e 11.645/08 representem avanços significativos, constata-se a necessidade de que sua frágil implementação seja ampliada e não se baseie apenas na reprodução dos discursos do Norte Global. Nesse sentido, evidencia-se a relevância de promover subversões epistêmicas e metodológicas nos estudos sobre a África |