Mineralogia, inclusões fluidas e aspectos genéticos do topázio imperial da Região de Ouro Preto, Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1994
Autor(a) principal: Gandini, Antonio Luciano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44135/tde-20032014-103510/
Resumo: O topázio imperial da região Ouro Preto, Minas Gerais, ocorre sob a forma de cristais prismáticos, sendo raros os exemplares biterminados. Apesar de normalmente ocorrerem sob a forma de agregados e fragmentos, predominam os tipos idiomórficos constituídos de dois prismas rômbicos verticais terminados por uma bipirâmide rômbica. As dimensões variam desde alguns milímetros até 20 cm aproximadamente, predominando a faixa em torno de 1 a 4cm. As análises dos parâmetros de cela unitária mostraram que a0 varia de 4,615 a 4,656A, b0 de 8,747 a 8,815A, c0 de 8,375 a 8,412A e o volume (V) da cela unitária de 340,639 a 343,823A³. A cor, uma das propriedades mais notáveis desse mineral-gema, varia de amarelo-dourado a vermelho-conhaque, apresentando matizes transicionais entre esses dois tipos. Análises químicas de topázios coloridos obtidas a partir de microssonda eletrônica indicaram ser o Cr³+, V³+ e Fe³+ os possíveis cromóforos deste mineral-gema. Para os topázios da região Ouro Preto, o teor médio de SiO2 é de 32,50%, o de Al2O3 54,90% e o de F- 16,00%. Com relação aos índices de regração, nX varia de 1,615 a 1,628, nY de 1,618 a 1,631 e nZ de 1,625 a 1,639; a birrefringência , por sua vez, varia de 0,008 a 0,015. O valor do ângulo 2Vz varia de 62 a 67º. A densidade relativa está compreendida no intervalo de 3,40 a 3,59. As inclusões cristalinas foram estudadas principalmente por difração de raios X e pelo microscópio eletrônico de varredura, sendo representadas por carbonatos, topázio, hematita, ilmenita, mica, rutilo, quartzo, tremolita, euclásio, cloritóide e apatita. Estas ocorrem em número bem menor em relação às inclusões fluidas, que são bem mais frequentes e abundantes. As inclusões fluidas são predominantemente bifásicas à 25ºC, sendo constituídas essencialmente por soluções aquosas salinas, CO2, N2 e CH4. Elas foram estudadas por vários métodos (platina de aquecimento/resfriamento, espectroscopia de infravermelho e espectroscopia micro Raman), que permitiram a identificação de suas composições, densidades, salinidades e condições de T e P de aprisionamento. A temperatura mínima média de formação dessas inclusões é de 300ºC, com a pressão média variando entre 2.000 a 3.000bar. As ocorrências primárias de topázio imperial da região de Ouro Preto estão relacionadas à rochas carbonáticas do Supergrupo Minas, pertencente ao Quadrilátero Ferrífero. Entre os litotipos principais, podem ser citados os filitos carbonáticos que transicionam para mármores impuros, tanto lateralmente como verticalmente. As mineralizações de topázio imperial ocorrem em veios centimétricos e descontínuos nessas rochas, e estão associadas a uma zona de falhas normais em bloco, resultante de um processo de distensão, apresentando direção predominante N60ºW. Essas falhas foram, provavelmente, reativadas durante um evento tectônico no final do Cretáceo ou início do Terciário, dando origem a vários focos de vulcanismo, que produziram soluções saturadas em sílica. Não se observa nenhuma feição de metamorfismo nessas rochas vulcânicas. As rochas metamórficas encaixantes e os veios mineralizados encontram-se intensamente decompostos. Contudo, nessas litologias podem ser observadas algumas de suas estruturas antigas e a presença de certos minerais primários como quartzo, hematita, topázio, rutilo, euclásio e sericita. O topázio normalmente é encontrado em massas de caulim e nos produtos de decomposição de níveis carbonáticos, denominados pelos garimpeiros de \"borra de café\". Os dados microtermométricos indicam que a gênese do topázio imperial da região de Ouro Preto está relacionada a processos hidrotermais. Temperaturas da homogeneização total por volta de 300ºC e isócoras construídas a partir das composições das inclusões fluidas, revelaram pressões da ordem de 2,5kbar sugerindo portanto um ambiente hidrotermal de pouca profundidade.