Bibliotecas populares, territórios em disputa: suas flutuações semânticas, epistêmicas e político culturais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Wellington Correia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-27082021-210506/
Resumo: Este trabalho trata das flutuações apresentadas pelo termo e pelo conceito de \"biblioteca popular\", no país. Tais variações parecem apontar, não apenas para questões semânticas e epistêmicas específicas da área, mas para a problemática geral das relações mantidas historicamente entre Biblioteca, Sociedade, Educação e Cultura em nossa sociedade, em especial, a chamada Educação Popular. Para tanto, foi retomado o percurso histórico das \"bibliotecas populares\" não só no Brasil, como também na Europa e na América Latina em geral, a fim de situar a questão em escala ampla, com atenção especial ao contexto brasileiro. Foram coletados dados na literatura apresentada nas áreas de Biblioteconomia, Educação, História e Ciências Sociais, atentando-se fundamentalmente para as correlações das bibliotecas populares - ou sob outras nomeações - com processos de leitura, cultura e educação. Os modelos epistêmicos, de bases histórico cultural (Bibliotecas Templum, Emporium, Forum), apresentados por Perrotti (2017), orientaram a coleta, análise e interpretação dos dados. Neste sentido, as flutuações terminológicas das bibliotecas populares indicam também ambiguidades conceituais em relação a esses espaços, manifestadas em discursos e políticas que se situam em um leque extenso e diferenciado de posições face à problemática da universalização do acesso à educação e à cultura surgida na modernidade. É possível abrigarem-se sob o mesmo termo, tanto relações de dominação e exclusão socioculturais, como de resistência e emancipação intelectual e política. Sob o viés do protagonismo cultural, que distingue e dá sustentação ao epistema do Forum, a pesquisa aponta para a importância de abordagens histórico culturais, capazes de ultrapassar reduções e naturalização das instituições culturais como as bibliotecas. Ao serem definidas mais por seus qualificadores que por sua substância, mais pelos adjetivos (popular, pública, comunitária, escolar) que pelo substantivo (biblioteca) que as distinguem, temos em decorrência, ao processo de naturalização que acaba por não considerar o caráter histórico-cultural das instituições sociais. Deixa-se, assim, de se reconhecer paradigmas socioculturais que regem as relações históricas das Bibliotecas com seus contextos. Vista sob perspectivas histórico-culturais as flutuações do termo e do conceito de biblioteca popular inscrevem-se nas dinâmicas da ordem social e dos atores aí presentes, além de apontar para fraturas, conflitos e disputas que vem caracterizando Bibliotecas e Biblioteconomia na modernidade.