O Cinturão Dom Feliciano em Santa Catarina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1985
Autor(a) principal: Basei, Miguel Angelo Stipp
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44131/tde-27102015-160910/
Resumo: Com a aplicação de métodos convencionais (análise bibliográfica, trabalhos de campo e estudos petrográficos) incluindo (análise estrutural, litogeoquímica e geocronologia), foi possível elaborar-se uma síntese geológica, bem como propor-se um modelo de evolução geotectônica para os terrenos pré-cambrianos a eo-paleozóicos de parte do Estado de Santa Catarina. Do ponto de vista tectônico, são identificadas duas entidades maiores: na porção oeste o Cráton Rio de La Plata e na região oriental, o Cinturão Dom Feliciano. O primeiro engloba os terrenos antigos, de alto grau metamórfico, que serviram de ante-país para o desenvolvimento do Cinturão. Para este último, que inclui os terrenos formados ou intensamente retrabalhados no Ciclo Brasiliano, é reconhecida, de SE para NW, uma compartimentação interna definida pelos domínios Tectônicos, Interno, Intermediário e Externo, respectivamente em facies meso, epi e anquizonal de metamorfismo. Essa polaridade metamórfica é compatível com a vergência tectônica NW do Cinturão. O Domínio Interno representa as zonas profundas, atualmente expostas, do Cinturão, sendo caracterizado pela presença regional de migmatitos cortados pelas suites intrusivas São Pedro de Alcântara e Pedras Grandes. No Domínio Intermediário predominam os metassedimentos do Grupo Brusque, metamorfisados e deformados polifasicamente, e cortados por inúmeros corpos granitóides intrusivos das Suites Valsungana e Guabiruba. O Domínio Externo é interpretado como uma antefossa molássica preenchida por um espesso pacote sedimentar, onde predominam turbiditos, associados a rochas magmáticas ácidas da Suite Plutono - Vulcânica Subida. Foram identificadas para o Cinturão Dom Feliciano, quatro fases deformação. A primeira delas, de idade e características geométricas desconhecidas é observada somente no Grupo Brusque e ocasionalmente em paleossomas de migmatitos do Domínio Interno. As três outras são seguramente brasilianas com a segunda e a terceira possuindo orientação NE e vergência para NW. Estas fases estariam ligadas a um mesmo sistema compressivo direcionado contra o Cráton Rio de La Plata. A quarta fase processou-se em um nível estrutural superior, provocando inflexões, amplas e descontínuas, provavelmente relacionadas a movimentações transcorrentes ao longo dos grandes lineamentos pré-existentes. O Grupo Itajaí, no Domínio Externo, é afetado somente pelas duas últimas fases do cinturão. A coluna litoestratigráfica proposta para o Grupo ltajaí apresenta em posição basal um pacote de arenitos arcosianos, maciços e de cor marrom avermelhada que intercalam possantes lentes de conglomerados (Unidade Arenítica Inferior). Em posição de topo tem-se os termos síltico-pelíticos predominando largamente sobre as frações mais grosseiras (Unidade Síltica Superior). A sudoeste de Botuverá, na região mapeada neste trabalho, o Grupo Brusque é constituído por três unidade litoestratigráficas, assim constituídas da base para o topo: Sequência Botuverá, Sequência Ribeirão do Agrião e Sequência Rio da Areia. Nessa mesma ordem estratigráfica, tem-se uma nítida diminuição da fração detrítica de granulação grossa, com consequente aumento dos componentes mais finos até atingir-se uma sedimentação química onde predominam os níveis carbonáticos. A granitogênese do Cinturão Dom Feliciano foi caracterizada, com base em relações de campo, idade e características petrográficas, em seis suites intrusivas. As mais antigas são as suites dos Granitóides Foliados e Valsungana, sincrônicas ao desenvolvimento da segunda fase de deformação. Tardios a esta, colocaram-se os granitóides das suites Guabiruba e São Pedro de Alcântara. Em condições tardi a pós-tectônicas ocorreu o magmatismo plutono-vulcânico das suites Pedras Grandes e Subida. As indicações adicionais litogeoquímicas e isotópicas permitiram classificar essa granitogênese como predominantemente crustal, definindo para as três primeiras suites uma afinidade ao tipo \"S\", as suites São Pedro de Alcântara e Pedras Grandes seriam do tipo \"I\" caledoniano e a Suite Subida do tipo \"A\" . Mais de uma centena de novas determinações radiométricas são apresentadas neste trabalho, tendo-se utilizado inclusive de metodologias ainda não disponíveis no país. Este é o caso das análises U-Pb em zircões e Pb-Pb e Sm-Nd em rocha total. Esses resultados permitiram que fossem posicionados no tempo as principais épocas de colocação dos corpos granitóides e, por conseguinte, das fases deformacionais associadas. Desta forma, foram reconhecidos dois eventos tectono-magmáticos principais a nível do cinturão. O primeiro, datado em 650 ± 50 Ma.,corresponderia ao implemento da 2a. fase de deformação com colocação sintectônica das suites Valsungana e Granitóides Foliados a 640 ± 20 Ma., e pouco mais tarde, dos granitóides das suites Guabiruba e São Pedro de Alcântara a 600 ± 20 Ma.. O segundo evento ocorreu a 560 ± 40 Ma. incluindo a terceira fase de deformação e a granitogênese tardia da suite Plutono-Vulcânica Pedras Grandes a 540 ± 20 Ma.. O magmatismo do tipo Subida é restrito ao Domínio Externo e precedeu um pouco ao metamorfismo de baixa intensidade do Grupo Itajaí, ocorrido a 535 ± 10 Ma.. As determinações K-Ar indicam que o resfriamento regional do Cinturão Dom Feliciano deu-se por volta de 500 Ma.. Finalmente, a evolução geotectônica do Cinturão Dom Feliciano em Santa Catarina é interpretada com base em um modelo de subducção do tipo A, ocorrida durante o Ciclo Brasiliano. A esse processo estariam associadas todas as feições geológicas brasilianas (estruturais, metamórficas e magmáticas) observadas no Cinturão. São questionados os modelos anteriores que sugerem que o Domínio Interno do Cinturão poderia corresponder a raiz de um Arco magmático de idade brasiliana.