Distribuição temporal das mortes de vítimas de trauma e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Daniela Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-27042018-120332/
Resumo: Introdução: a distribuição trimodal das mortes de vítimas de trauma ainda é amplamente aceita por pesquisadores. Entretanto, estudos apontam uma mudança nesse padrão, passando de tri para bimodal. Este panorama das mortes e os fatores associados ainda não foram investigados no contexto brasileiro, o que reforça a relevância desta investigação. Objetivo: analisar a distribuição temporal e os fatores associados às mortes de vítimas de trauma. Método: estudo transversal, quantitativo, constituído por análise retrospectiva de laudos de autópsia de vítimas admitidas no Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo entre janeiro e dezembro de 2015 que responderam aos seguintes critérios de inclusão: ser vítima fatal de causa traumática; apresentar lesões codificáveis pela Abbreviated Injury Scale; e ter o tempo de morte identificado (tempo entre o evento traumático e a confirmação do óbito). A variável dependente foi o tempo da morte e as independentes contemplaram idade, gênero, raça, causa externa, Injury Severity Score (ISS), New Injury Severity Score (NISS), número de regiões corpóreas acometidas e região corpórea mais gravemente lesada. Estatísticas descritivas e regressão logística múltipla multinomial foram realizadas para análise dos dados, com nível de significância de 5%. Resultados: a casuística compôs-se de 1.500 vítimas, com predomínio do gênero masculino (75,7%) e da raça branca (58,1%). A idade média foi de 49,7 (±23,6) anos. O trauma contundente prevaleceu na amostra (68,6%) e a causa externa mais frequente foi queda (33,5%). A análise da gravidade do trauma das vítimas mostrou que a maioria apresentava trauma moderado ou grave segundo o ISS (média 21,6±15,3; 58,0% com ISS 16) e o NISS (média 27,7±17,4; 70,9% com NISS 16). As vítimas tiveram em média 2,4 (±1,3) regiões corpóreas acometidas. A distribuição das mortes ocorreu em três momentos distintos: imediatas (mortes na cena), precoces (mortes em até 24 horas após o trauma) e tardias (mortes com tempo 24 horas após o trauma). Prevaleceram na amostra as mortes tardias (44,7%), seguidas das imediatas (28,2%) e precoces (27,1%). As vítimas de mortes tardias apresentaram maior média de idade e frequência de quedas do que as que morreram precoce ou tardiamente. Entre aqueles que morreram na cena, a gravidade do trauma mensurada pelo ISS e NISS e a média no número de regiões corpóreas acometidas eram maiores em relação aos outros dois grupos. Os fatores associados às mortes imediatas foram número de regiões corpóreas acometidas, NISS e as causas externas pedestre/ciclista, motociclista, ocupante de automóvel, agressões, lesões autoprovocadas e causa desconhecida. Para as mortes precoces, os fatores de risco foram número de regiões corpóreas acometidas, NISS e lesões autoprovocadas. Por fim, para as tardias, os fatores preditivos foram idade e mecanismo de trauma contundente. Conclusão: a distribuição temporal das mortes foi trimodal, com maior frequência de mortes tardias, e os fatores associados aos óbitos contemplaram variáveis sobre o evento traumático e a gravidade do trauma, além da idade. Os resultados desta investigação trazem importantes subsídios para o estabelecimento de políticas públicas de prevenção do trauma e de estratégias de capacitação dos profissionais da saúde visando à redução desse desfecho clínico.