Caracterização clínica da doença de Huntington e avaliação do nível sérico de endocanabinoides

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carvalho, Pedro Manzke de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-11022020-142128/
Resumo: Introdução: A doença de Huntington (DH) é caracterizada pela tríade de comprometimento motor, declínio cognitivo e alterações psiquiátricas. Esses 3 fatores geram o declínio funcional na DH. O comprometimento cognitivo é muito estudado na DH, mas não há critérios diagnósticos para demência na DH. Os receptores canabinoides possuem alta concentração nos núcleos da base. Esses receptores estão muito diminuídos no sistema nervoso central (SNC) da DH. Objetivos: Caracterização clínica de uma amostra de sujeitos com DH e dosagem do nível plasmático de endocanabinoides em comparação com um grupo controle. Métodos: Realizado avaliação clínica com a escala unificada para avaliação da doença de Huntington (UHDRS), inventário neuropsiquiátrico, escala hospitalar de ansiedade e depressão, mini entrevista neuropsiquiátrica internacional (MINI), mini exame do estado mental (MEEM), teste de entrelaçamento de dedos, teste Hayling, bateria de avaliação frontal, escala de avaliação de demência de Mattis (MDRS). Coletado amostra de sangue periférico nesses mesmos sujeitos e em um grupo controle saudável, para dosagem de anandamida (AEA) e 2- araquidonoilglicerol, com cromatografia bidimensional acoplada a espectrometria de massas. Resultados: 47 sujeitos de pesquisa com DH foram avaliados. Dentre eles, 42 pacientes foram classificados como DH manifesta e 5 pacientes como DH pré-manifesta (preDH). As escalas cognitivas e da UHDRS apresentaram boa consistência interna, com alfa de Cronbach acima de 0,8. A MINI traçou o perfil neuropsiquiátrico da DH com dados semelhantes à literatura. Mesmo pacientes com DH em estágios iniciais apresentaram comprometimento cognitivo acentuado, principalmente na MDRS. Dentre os pacientes com DH manifesta em estágios iniciais, o teste Hayling apresentou 82% com escore Z abaixo de -1,5, na medida de tempo da parte A desse teste. Utilizando-se como critério de demência um escore Z abaixo de -1,5 na MDRS, associado a um valor menor ou igual a 85% na escala de independência (EI), 61% dos pacientes em estágios iniciais de DHmanifesta preencheram critérios para demência. Pacientes classificados com demência apresentaram níveis mais elevados de AEA em comparação aos sem demência (p = 0,041). Os níveis séricos de endocanabinoides também foram comparados entre 47 pacientes com DH e 30 voluntários saudáveis. Apesar de limítrofe, não houve diferença estatística nos níveis de AEA entre grupo DH e grupo controle (p = 0,051). Contudo, houve diferença estatística nos níveis de AEA entre controle e pacientes DH sem uso de antidepressivos (p = 0,0068). Também houve diferença estatística entre controle e preDH (p = 0,02). Houve correlações positivas entre níveis de endocanabinoides e escalas cognitivas (MDRS e teste Hayling). Conclusões: A associação de um escore Z da MDRS abaixo de -1,5 e uma EI menor ou igual a 85% pode ser utilizada como critério diagnóstico para demência na DH. O teste Hayling foi compatível com alterações de velocidade de processamento acentuadas, mesmo em fases iniciais da DH. Pode ser uma ferramenta útil na avaliação cognitiva da DH. A MINI pode ser uma ferramenta útil na avaliação psiquiátrica da DH. Os endocanabinoides possuem um papel importante na DH, e podem ter impacto no comprometimento cognitivo. Pacientes com DH possuem alterações sistêmicas de endocanabinoides, não apenas restritas ao SNC.