Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Paula, Camila Sanson Yoshino de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-07072021-111737/
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Resumo: |
A taxa de transmissão vertical pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) apresentou uma redução importante após a instituição de estratégias profiláticas envolvendo o uso de antirretrovirais (ARV) e a contraindicação da amamentação. Embora o uso de antirretrovirais no tratamento materno durante a gestação e na profilaxia neonatal seja essencial para a redução da taxa de transmissão vertical, sua segurança ainda permanece controversa. Entre os diversos efeitos já estudados, a disfunção mitocondrial induzida pelos inibidores da transcriptase reversa análogos a nucleotídeos (ITRN) tem apresentado importante destaque nos últimos anos. A principal hipótese para a toxicidade mitocondrial induzida pelo ITRN é a ação dessa classe de ARV na gama-DNA-polimerase, uma enzima essencial para a replicação do DNA mitocondrial (mtDNA), levando a depleção ou mutação do mtDNA, com diminuição da produção de adenosina trifosfato (ATP), aumento de radicais reativos de oxigênio, consequente dano tecidual e aumento de lactato sérico. Estudos prévios demonstraram que a maioria dos bebês expostos ao HIV durante a gestação não infectados investigados para disfunção mitocondrial é assintomática e podem apresentar aumento de lactato sérico. Dados sobre o nível sérico de lactato e o risco de toxicidade mitocondrial em crianças brasileiras expostas ao HIV e ARV materno e neonatal são escassos. O objetivo desse estudo é descrever a prevalência de hiperlactatemia nesse grupo de pacientes, avaliar a presença de manifestações clínicas e identificar fatores de risco durante a gestação que possam estar relacionados ao aumento de lactato no período pós-natal. Foi realizado um estudo prospectivo com coleta de três amostras de lactato sérico (com um mês, quatro meses e doze meses de idade). Lactatos > 19 mg/dL foram considerados alterados e valores > 45mg/dL considerados de risco para disfunção mitocondrial grave. Os pacientes foram acompanhados e avaliados clinicamente no ambulatório de Infectologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Foram incluídos 36 pacientes no estudo e coletadas 87 amostras de lactato. Trinta e sete amostras (42,5%) foram consideradas alteradas e a maioria (63,9%) nas primeiras semanas de vida dos pacientes. Lactatos > 45 mg/dL foram encontrados em nove amostras coletadas de oito pacientes, sendo sete alterações observadas na primeira coleta do exame e nenhuma na terceira amostra. Durante o período do estudo, observou-se diminuição da prevalência de lactatos alterados (63,9% vs 34,4% vs 15,8%). Houve também redução estatisticamente significante na média de lactato durante o acompanhamento (29,4±15,7mg/dL vs 18,3±3,9mg/dL vs 16,3±4,3mg/dL; p< 0,001), principalmente entre primeira e segunda amostra e primeira e terceira amostra (diferença média: 10,87 mg/dL e 13,58 mg/dL, respectivamente). Os bebês cujo as mães fizeram uso de esquema antirretroviral contendo dois ITRN associado a Nevirapina ou Efavirenz e aqueles que receberam como profilaxia neonatal Zidovudina e Nevirapina, apresentaram lactatos > 19mg/dL em pelo menos uma das amostras coletadas durante o seguimento (p= 0,441). Além disso, as crianças expostas a Abacavir durante a gestação apresentaram médias de lactato maiores comparadas àquelas que não foram expostas a esse ARV (46,5 mg/dL vs 28,4 mg/dL; p= 0,114). Nenhum dos pacientes acompanhados apresentou manifestação clínica durante o estudo. Como conclusão, este estudo demonstrou que os pacientes expostos ao HIV e a ARV durante a gestação e período neonatal podem apresentar aumento de lactato sérico nas primeiras semanas de vida. Esses pacientes não apresentaram nenhuma manifestação clínica e todos evoluíram com resolução espontânea da hiperlactatemia durante o seguimento. Esses resultados sugerem que não há benefício na coleta de lactato como triagem de disfunção mitocondrial em crianças expostas ao HIV e terapia antirretroviral materna e neonatal. |