Distúrbio de verticalidade visual após acidente vascular cerebral: estudo coorte e efeitos da estimulação elétrica por corrente contínua de alta definição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Favoretto, Diandra Bosi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17163/tde-26022024-093558/
Resumo: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal doença responsável por incapacidade funcional no mundo. Distúrbios de percepção de verticalidade visual (VV) estão presentes na maioria desses pacientes e geram grave incapacidade funcional. Entretanto, faltam evidências acerca da relação entre distúrbios de VV, funcionalidade, assim como tratamentos eficazes. Nesse contexto, a estimulação transcraniana por corrente contínua de alta definição (HD-ETCC) é ferramenta potencial para a recuperação de distúrbios de VV. Portanto, o presente estudo teve como objetivos analisar a VV em pacientes com AVC agudo e sua recuperação na fase subaguda (Parte I) e conduzir investigação preliminar randomizada, duplo cega e controlada para explorar a segurança e efeitos da HD-ETCC sobre a junção temporoparietal (JTP) contralateral à lesão encefálica na VV em duas pacientes com primeiro AVC isquêmico subagudo (Parte II). Na Parte I, foi realizado um estudo coorte prospectivo em pacientes com diagnóstico de AVC agudo admitidos em um hospital terciário, no período de um ano. Foram incluídos 118 pacientes com idade média de 60,2±12,9 anos, sendo maioria AVC isquêmico (84,7%) e em hemisfério cerebral direito (62,4%). A VV foi estimada de três formas: VV de orientação por média dos valores reais (VVo), VV de incerteza por média dos valores absolutos (VVi-mab) e VV de incerteza por desvio padrão da VVo (VVi-dp). A alteração da VVi-mab foi o método com maior prevalência de inclinação (72%). Foram observados parâmetros de corte (cutoff) em relação à Escala de Rankin modificada (ERm) para VVi-dp (2,6º) na fase aguda, e para VVi-mab (3,2º e 4º) nas fases aguda e subaguda, respectivamente. Houve correlação significativa (p≤0,05) da VVi-mab na fase aguda com a ERm (r=0,35) e na fase crônica com ERm (rs=0,33) e Índice de Barthel (IB) (rs=-0,29). Existiu correlação significativa da VVi-dp com ERm no período agudo (rs=0,27) e em 3 meses (rs=0,30), e com IB em 3 meses (rs=-0,34). A VVi-mab foi a estimativa que mais se relacionou com a funcionalidade. Na fase subaguda, a recuperação da VVi-dp foi associada a melhoras funcionais e percepção espacial, e a maioria dos pacientes avaliados não recuperou do distúrbio de VVi-mab e VVi-dp. A lateropulsão (SCP>0,5) esteve presente em 9,4% dos pacientes com primeiro AVC. Na parte II, cada paciente realizou uma sessão de HD-ETCC cátodo central (intervenção) e uma de ânodo central (controle ativo), com 2mA, por 20 minutos. A VV e desfechos funcionais foram avaliados antes, durante, imediatamente após e 30 minutos após a HD-ETCC. Não houve efeitos adversos. Nos dois casos houve redução da VVo e VVi-mab após a montagem cátodo central. Após a montagem ânodo central, uma paciente apresentou melhora e outra piora da VVo e VVi-mab. O estudo observacional (Parte I) indicou associação da VVi-mab e VVi-dp com os desfechos funcionais, além de estabelecer os valores de cutoff de forma inédita. Os resultados da Parte II indicaram preliminar segurança e efeito positivo do protocolo, o que sugere ser promissor para tratamento de distúrbio de VV e desequilíbrio postural.