Diabetes precoce agrava a lesão renal aguda induzida por isquemia/reperfusão e contribui para o desenvolvimento de lesão crônica.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ponte, Mariana Charleaux de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-14012022-193730/
Resumo: Estudos sugerem que o diabetes é um fator de risco independente para a lesão renal aguda (LRA). Contudo, os mecanismos pelos quais o diabetes pode influenciar a gravidade da LRA e o desenvolvimento de lesão renal crônica (LRC) permanecem desconhecidos. Sendo assim, o objetivo geral do presente estudo foi avaliar a interferência do diabetes na fisiopatologia da LRA decorrente de isquemia/reperfusão (IR) e no desenvolvimento da LRC. Camundongos C57BL/6J, foram aleatoriamente agrupados em: 1) Cirurgia fictícia (sham); 2) Cirurgia de IR renal (bilateral); 3) estreptozotocina (STZ - 55 mg/Kg/dia) e 4) STZ e cirurgia de IR renal. No 12ª dia (grupo agudo) e 15ª dia (grupo crônico) após a última injeção de STZ, os animais foram submetidos aos procedimentos cirúrgicos e, após 48 horas e 28 dias, à eutanásia. Os animais do grupo crônico receberam terapia com insulina e foram alojados em gaiolas metabólicas para análise da ingestão de ração, água e fluxo urinário. A função renal foi avaliada pela concentração plasmática de creatinina e ureia por análise bioquímica. A concentração de eletrólitos e osmolaridade da urina foram avaliadas por fotômetro de chama e osmômetro, respectivamente. A proteinúria foi avaliada por kit comercial. O tecido renal foi usado para avaliar a morfologia, expressão gênica e proteica. No grupo agudo, o tratamento com STZ resultou em hiperglicemia, mas não induziu alterações na função renal nem na expressão gênica de fatores associados a injúria tubular e glomerular, inflamação e fibrose. Entretanto, o tratamento com STZ parece prejudicar o processo de autofagia. Nos animais não diabéticos, IR renal resultou em aumento dos níveis de creatinina e ureia no plasma, proteinúria, queda na expressão de RNAm para nefrina, aumento na expressão de RNAm para Kim-1, Ki-67 e de genes pró-inflamatórios e pró-fibróticos. IR renal também resultou em resposta autofágica prejudicada. O tratamento com STZ agrava a LRA induzida por IR renal principalmente por induzir hipóxia e exacerbar a lesão glomerular e tubular, inflamação, os processos pró-fibróticas e por diminuir as respostas de reparo tecidual. No grupo crônico, o tratamento com STZ induziu hiperglicemia, mas não foram observadas alterações na função renal em relação ao grupo sham. No grupo tratado com STZ, os animais apresentaram aumento na expressão de RNAm para Kim-1, Ki67 e MCP-1, indicando a presença de injúria tubular, regeneração e inflamação. IR renal não resultou em alterações nos parâmetros metabólicos e de função renal, entretanto induziu aumento na expressão de RNAm para Kim-1 e MCP-1 nos animais não-diabéticos, indicando também a presença de injúria tubular e de resposta inflamatória. Já nos animais diabéticos, a IR renal, apesar de resultar em diminuição dos níveis glicêmicos, exacerbou a expressão de genes inflamatórios e da proteína α-SMA. Em conclusão, nossos resultados sugerem que o diabetes precoce agrava a LRA induzida IR e pode ter um papel relevante para o desenvolvimento de LRC.