Formação musical sob as perspectivas da complexidade: fundamentos para uma análise crítica sobre possibilidades formativas nas sociedades digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Podestá, Nathan Tejada de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-12012023-150823/
Resumo: Esta tese discute a formação musical sob as perspectivas da complexidade em dialogismo com as concepções de Morin (2010, 2011, 2015), Qvortrup (2003, 2006), Jansen (1997), Deleuze (1992) e Lévy (1999), autores principais que embasam esta pesquisa. Tomando como objeto a formação nas sociedades digitais, investigamos como o desenvolvimento das estruturas de comunicação em rede e a popularização do acesso aos dispositivos digitais com conexão à internet projetam, no âmbito das políticas educacionais, instituições de ensino e indivíduos, interesses educacionais diferenciados, que ressignificam as disputas em torno do currículo e da formação escolar. Analisamos como essas transformações levam ao estabelecimento de formas de acessos e exclusões aos conhecimentos musicais e sua capacidade de produção e investigamos caminhos para a elaboração de propostas formativas de música através das perspectivas da complexidade. Ao destacarmos que as tecnologias digitais de informação e comunicação promovem um aumento do acesso à informação, questionamos se esse fato representa aumento das possibilidades de formação ou se as formas sociais de organização em torno das informações levam a uma redução das possibilidades formativas. Para responder a esse questionamento, atualizamos dados de mapeamento da oferta de formação musical e acessos e exclusões à educação musical no Brasil causadas pelas transformações tecnológicas em curso e pelas reformas educacionais implementadas no país. Através de metodologia de pesquisa quantitativa e qualitativa realizamos revisões bibliográficas, análises documentais e coleta e análise de dados sobre Instituições de Ensino Superior com curso de música no Brasil. Nesse processo, mediante a contraposição dos modelos de sociedade do conhecimento (QVORTRUP, 2006; JANSEN, 1997; LÉVY, 1999) e sociedade de controle (DELEUZE, 1992; MORIN, 2010), analisamos aspectos formativos e deformativos das transformações que destacam a necessidade de revisão do conceito de formação para responder os desafios complexos colocados pelas sociedades digitais. Por meio do cruzamento de dados das pesquisas quantitativas e qualitativas, demostramos que o aumento do acesso à informação, quando não vem acompanhado de transformações qualitativas nas formas de aprendizagem, resulta na instauração de uma espiral de simplificações conduzindo a processos não formativos e deformativos, que precisam ser enfrentados, a fim de construir uma visão positiva das sociedades digitais. Essa constatação modifica consideravelmente a compreensão do problema da formação, que passa a ser vista de forma dialética, na relação entre formação e deformação, para culminar na construção de uma ética pedagógica capaz de intervir positivamente na transformação dessa realidade estrutural, através dos processos formativos. De forma mais ampla, destacamos que a teoria da complexidade oferece fundamentos para análise e estruturação dos processos formativos de música, proporcionando o desenvolvimento qualitativo das formas de ensino-aprendizagem, que, por sua vez, favorece a articulação das redes de ensino-aprendizagem musical, a superação dos ciclos de simplificações e o desenvolvimento de competências de autoformação em direção a um estado de complexidade permanente.