Causas e consequências da poliandria

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santana, Erika M.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-13122018-085218/
Resumo: De acordo com o paradigma Darwin-Bateman, fêmeas não ganham benefícios em copular com múltiplos machos (i.e., poliandria), dado que seu sucesso reprodutivo depende principalmente da qualidade dos seus parceiros sexuais. Porém, a poliandria é um comportamento amplamente encontrado nas espécies com reprodução sexuada. O objetivo central desta tese foi explorar as possíveis causas e consequências da poliandria. No Capítulo 1, utilizamos experimentos em laboratório para investigar como a experiência social antes e depois da maturação influencia o grau de poliandria. A espécie estudada foi o grilo australiano Teleogryllus commodus, para a qual o ambiente acústico antes da maturação determina o comportamento reprodutivo das fêmeas após a maturação. Nossos resultados mostram que o grau de poliandria não varia entre fêmeas criadas em dois ambientes acústicos distintos, um composto por machos de qualidade variada (QV) e outro composto por machos de alta qualidade (AQ). As fêmeas do grupo AQ foram menos responsivas aos machos de alta qualidade e aceitaram machos independentemente de sua qualidade, um padrão diferente daquele encontrado para as fêmeas do grupo QV. Quando a qualidade média dos machos encontrados pelas fêmeas do grupo QV foi baixa, o número total de machos aceitos foi baixo, porém quando a qualidade média dos machos foi alta, o número de machos aceitos foi alto. Portanto, há uma interação entre a experiência social antes e após a maturação na determinação do grau de poliandria. No Capítulo 2, utilizamos métodos comparativos para testar se o risco de competição espermática promovido pela poliandria determina a evolução de características masculinas relacionadas à monopolização de fêmeas. Nosso modelo de estudo foram rãs da subfamília Leptodactylinae, cujas espécies podem depositar ovos na água (onde o risco de competição espermática é alto) ou dentro de tocas na terra (onde o risco de competição espermática é baixo). Encontramos que há correlação entre o tipo de local de reprodução (aquático x terrestre) e quatro características masculinas relacionadas à monopolização de fêmeas. Nossos resultados provêem uma relação causal entre características dos machos e a reprodução terrestre, mas os padrões encontrados nem sempre seguiram as previsões propostas pela hipótese de que o risco de competição espermática é menor em espécies com reprodução terrestre. Tais resultados sugerem que as pressões seletivas que agem nas quatro características masculinas exploradas aqui não são as mesmas, provavelmente devido a diferenças nas funções que cada característica tem durante as interações inter- e intra-sexuais. Ao fim desta tese, fornecemos evidências de uma nova causa da poliandria, além de mostrarmos as consequências da poliandria sobre a evolução de características dos machos