Entre o passado e presente, entre a casa e a rua: tempos e espaços na cidade de São Paulo de fins do Império

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Frehse, Fraya
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-04082022-175133/
Resumo: Este estudo se propõe apreender como a sociedade paulistana percebe em seu cotidiano o processo histórico que vivencia - e ajuda a consolidar - na cidade de São Paulo, na segunda metade do século XIX. Neste momento, e em especial a partir da década de 1870, aceleram-se na cidade transformações socioeconômicas, urbanísticas, físicas e demográficas, no bojo da prosperidade crescente das exportações do café do interior paulista e à crise final da escravidão no país. E as pessoas, nesse universo urbano fortemente pautado por concepções socioculturais escravistas e rurais? Relações de sociabilidade hierarquizadas, que davam sentido a um dia-a-dia cujo eixo central de referências era a casa patriarcal, começam a conviver, de maneira cada vez mais intensa, com outras, de caráter contratual e pautadas na racionalidade do capital. Estas se difundem na cidade mediadas, em boa parte, pela introdução de novas mercadorias e modernos equipamentos de infra-estrutura urbana; pela abertura de bairros e loteamentos num território definitivamente alcançado pela especulação imobiliária. Levando em consideração que o espaço da rua constitui um cenário que reflete de maneira privilegiada o processo histórico mais abrangente em curso, concentrei-me nas representações sociais sobre a rua produzidas naquele momento. Busquei especificamente as concepções de espaço de uma nova personagem que vai sendo constituída na cidade, à medida mesmo em que avança o processo de urbanização paulistano de fins do XIX: o transeunte. Com base numa série de documentos por meio dos quais essa gama difusa de indivíduos expressa as vicissitudes de seu cotidiano - de transeuntes - pelas ruas (jornais diários, atas da Câmara Municipal; fotografias), concentrei-me nos relatos destes a respeito de atividades sociais antigas ( despejos de dejetos fecais e lixo, banhos nos logradouros públicos, a criação de animais, o comércio ambulante, as festas populares etc.) e modernas (em particular, a implantação e funcionamento dos novos serviços de infra-estrutura urbana) que coexistem nas ruas paulistanas naquele momento. Essas falas revelaram noções sociais de espaço relativas, respectivamente, às antigas e modernas características de uma rua que abriga, num intervalo de tempo de vinte anos, ações, relações e representações de idades tão distintas. Eis o que me permitiu acessar, ao final, as representações sobre o passado e o presente - sobre o tempo histórico, na São Paulo de fins do Império. Em meio a essa trajetória, vieram à tona também peculiaridades no modo como é percebido socialmente o espaço público paulistano, em gestação naquelas décadas.