Matéria orgânica terrígena do Rio da Prata em sedimentos superficiais da Margem Continental do Atlântico Sudoeste (23° - 37°S): caracterização por descritores composicionais, isotópicos e moleculares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Araujo, Ligia Dias de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/21/21137/tde-28022023-102915/
Resumo: Margens continentais são os maiores reservatórios de carbono orgânico em ambientes marinhos. Consequentemente, a caracterização e quantificação da matéria orgânica sedimentar nestes ambientes são ferramentas essenciais no entendimento do ciclo do carbono global. A matéria orgânica terrígena é fração importante da matéria orgânica sedimentar marinha e um dos seus principais mecanismos de entrada para o oceano é através do transporte fluvial. O Rio da Prata apresenta a segunda maior bacia hidrográfica da América do Sul e representa a principal entrada de sedimentos e nutrientes para a Margem Continental do Atlântico Sudoeste (MCAS). Apesar disto, a influência do Rio da Prata na matéria orgânica sedimentar da MCAS ainda não é totalmente compreendida. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar a assinatura geoquímica da matéria orgânica terrígena oriunda do Rio da Prata e identificar sua distribuição na MCAS. Para isto, utilizou-se uma compilação de dados em conjunto com a análise de amostras de sedimento superficial, totalizando 281 amostras coletadas ao longo de 30 anos. Dentre estas amostras, foram analisados um ou mais dos seguintes parâmetros: conteúdos de carbono orgânico (COT), nitrogênio total (NT) e carbonato de cálcio; razões isotópicas de carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N); as concentrações de n-alcanos de cadeia longa; e δ13C dos n-alcanos n-C29 e n-C31. A análise de agrupamento permitiu identificar três grupos em termos da assinatura geoquímica da matéria orgânica total que estão intimamente relacionados com a hidrodinâmica e a sedimentação na MCAS: (i) grupo principalmente localizado entre o Rio da Prata e o Cabo de Santa Marta, caracterizado por alto aporte terrígeno de matéria orgânica e uma alta produtividade marinha; (ii) a plataforma do Embaiamento de São Paulo, com predomínio do aporte marinho e relativamente menor aporte terrígeno de matéria orgânica, e (iii) o talude do Embaiamento de São Paulo, com matéria orgânica predominantemente marinha. Frentes oceanográficas, correntes e o aporte de matéria orgânica e nutrientes por rios, principalmente o Rio da Prata, são os principais mecanismos que controlam a distribuição da matéria orgânica na MCAS. Em relação à matéria orgânica sedimentar terrígena, as diferenças nas composições de δ13C molecular e nas distribuições dos n-alcanos permitiram identificar três principais fontes terrígenas: o Rio da Prata, os rios do Embaiamento de São Paulo e o Rio Paraíba do Sul. Enquanto a matéria orgânica terrígena oriunda do Rio da Prata é predominante na plataforma continental desde a sua desembocadura até os 27°S, a região do Embaiamento de São Paulo apresenta maior complexidade em relação às fontes e destinos da matéria orgânica, apresentando predomínio da matéria orgânica do continente adjacente na plataforma interna e aportes remotos nas plataformas média e externa e no talude.