A escola de linha em Rondônia: a pedagogia da diversidade e acolhimento discente no interior da floresta amazônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Hilario, Rosangela Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-22012014-135928/
Resumo: A formação territorial de Rondônia foi definida com a criação do território Federal do Guaporé, por meio do Decreto-Lei nº 5.812, de 13 de setembro de 1943, atendendo ao preceito constitucional de 1937 em seu artigo 6º: A União poderá criar, no interesse da defesa nacional, com partes desmembradas dos Estados, territórios federais, cuja administração será regulada em lei especial. Nesta perspectiva, um grande número de pessoas migrou para o Território por vontade própria ou não com a finalidade de povoar e buscar melhores oportunidades de sobrevivência. Em um tempo em que tudo estava por ser feito, as Escolas de Linha de Rondônia cumpriram e cumprem papel fundamental para implantação da escola como espaço de práticas sistematizadas para aprender e vir a ser no mundo, entre os migrantes que se fixaram no Estado, desde os tempos do Território Federal de Guaporé no início do século passado até os dias atuais. São Escolas da Floresta e da Diversidade, nas quais os herdeiros de pais não bem sucedidos nas várias economias de exploração da floresta se abrigam para sobreviver, trocar saberes e construir uma nova organização da cultura. Em função das políticas públicas que orientam ações para a escola de Educação Básica estas escolas tendem a desaparecer por força de normativas que a qualificam de ineficiente e onerosa financeiramente. Para chegar aos objetivos propostos realizamos uma pesquisa-ação por compreender que os principais atores/sujeitos do processo das escolas da floresta são os alunos, pais e professores e, por corroborarmos com a possibilidade de um hibridismo e complementariedade das metodologias de pesquisa participante e pesquisa-ação, vimos nessa modalidade de investigação um instrumento capaz de \"empoderar\" de voz e representatividade aos sujeitos/atores das referidas escolas e tornar visível seu sistema educacional periférico, relatando desta forma, as representações sociais desses indivíduos sobre o espaço/lugar da Escola de Linha e como o entendimento da diversidade cultural como valor a ser agregado ao currículo é importante para que os sujeitos obtenham sucesso em suas práticas. Como referencial foram utilizados os teóricos das Representações Sociais (Moscovici, Minayo), os autores da área de estudos culturais e políticas públicas (Kruppa, Bittentcourt, Arelaro, Oliveira) os autores que escrevem sobre colonização e povoamento na Amazônia (Amaral, Gurgel do Amaral, Oliveira); Pontuschka e as alternativas pedagógicas para inclusão e despadronização do sistema escolar. Os resultados obtidos evidenciam que nos locais mais distantes de centros urbanizados, a instituição escolar não raras vezes, se constitui na principal referência da presença do Estado para as comunidades da Floresta. Transitar entre as múltiplas identidades em que a escola pública se organiza nas Escolas de Linhas exigiu além de um novo significado para as palavras espaço e cultura, a elaboração de um diálogo permanente entre as diversas ciências que orientam a formação do professor e as escolas, para avançar em uma proposta educativa que contemple e atenda a diversidade. Não basta universalizar o espaço; é preciso viabilizar o acesso de fato e fazer valer o estar na escola dando voz e relevância à cultura vivenciada pelos coletivos diversos fora da escola.