Contornos do (in)visível: A redenção de Cam, racismo e estética na pintura brasileira do último Oitocentos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Lotierzo, Tatiana Helena Pinto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-18122013-134956/
Resumo: A tela A Redenção de Cam (1895), de autoria de Modesto Brocos é um retrato de família marcado pelas distintas gradações de cor da pele entre seus membros, num movimento clareador que vai do negro (a avó) ao branco (o neto). Vencedora da medalha de ouro na Exposição Geral de Belas Artes de 1895, a pintura foi incorporada ao artigo apresentado por João Batista de Lacerda, diretor do Museu Nacional, no I Congresso Mundial das Raças em 1911, servindo de ilustração à tese do cientista, para quem o Brasil seria branco em três gerações. No mais, o quadro é fruto de um momento pós-emancipação, marcado pela forte adesão ao racialismo na esfera pública e da emergência de uma série de planos quanto ao destino da população de ascendência negra na ordem livre e republicana. A despeito de sua apropriação por Lacerda, a presente dissertação analisa A Redenção de Cam com base da hipótese de que a pintura procura demonstrar sua própria tese sobre o embranquecimento. Argumentamos que a tela concorre para fixar a imagem de um corpo negro branqueador, sobretudo na medida em que procura atribuir forma explícita a uma ideia ainda incerta, tanto aos olhos da ciência, quanto nos debates que ganhavam espaço junto à opinião pública de seu tempo. Logo, procuraremos discutir em que medida a pintura possibilita vislumbrar certas variáveis constitutivas de uma estética que, por sua vez, revela-se uma importante via de acesso a modos de ver profundamente imbricados em processos fundamentais daquilo que hoje entendemos como preconceito racial. Procuramos levar adiante a proposição de alguns críticos atuais, segundo os quais a tela é preconceituosa, observando em maior detalhe as soluções pictóricas empregadas pelo artista na caracterização da cena e de suas personagens. Será essencial, nesse trajeto, o diálogo com outras imagens, por meio do qual se tornarão mais evidentes certas tendências marcantes no tratamento pictórico de personagens de ascendência negra no período e também as especificidades de A redenção de Cam com relação a esses modelos.