Manejo de gado bovino para a restauração do cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Andrade, Henrique Sverzut Freire de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-26052021-152753/
Resumo: O Cerrado brasileiro é a savana mais biodiversa do planeta, o segundo maior bioma do Brasil e o segundo mais ameaçado. A conservação, uso sustentável e restauração do Cerrado constituem enormes desafios, dada a rápida conversão de seus ecossistemas nativos pela agropecuária, as dificuldades em se manter os regimes naturais de distúrbios necessários à manutenção da diversidade e dos processos ecológicos típicos de vegetações savânicas, e das lacunas de conhecimento sobre a restauração de ecossistemas não florestais no Brasil. Várias dessas questões conservacionistas passam obrigatoriamente pelo manejo da pecuária extensiva, uso do solo predominante no bioma, e pelo controle de gramíneas exóticas africanas, introduzidas como forrageiras e que rapidamente se tornaram as principais plantas invasoras do Cerrado. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade ecológica e financeira do manejo de gado bovino para a restauração do cerrado. Partiu-se da premissa de que o pastejo bovino pode favorecer a regeneração de espécies nativas do cerrado ao mesmo tempo que proporciona renda ao produtor rural, reduz os custos da restauração e amplia largamente a capacidade operacional de produtores rurais em restaurar grandes áreas de vegetação nativa no bioma. Estabelecemos um experimento controlado em Rosário do Oeste-MT, numa área anteriormente ocupada por um cerradão, em um pasto de capim-braquiária - Urochloa decumbens (Stapf) R.D.Webster - e em outro pasto de capim-andropogon - Andropogon gayanus Kunth. Foi estabelecido um experimento em delineamento fatorial 22, com dois tratamentos (isolamento do gado e controle de gramíneas exóticas com glifosato) e dois níveis cada (com e sem cercamento/controle químico). Também foram levantados todos os custos e receitas da pecuária na região e os custos para aplicação dos tratamentos mencionados. Cinco anos após a instalação do experimento, as pastagens cercadas continuaram a apresentar cobertura de 100% do solo com gramíneas exóticas. Na pastagem de capim-braquiária, o pastejo, principalmente quando conjugado com o controle químico de gramíneas exóticas, interferiu negativamente no crescimento em área basal e na cobertura com espécies arbóreas; porém reduziu a cobertura com gramíneas exóticas e promoveu o aumento da abundância e cobertura com espécies arbustivas, subarbustivas, herbáceas e gramíneas nativas. Na pastagem de capim-andropogon, os efeitos do pastejo foram similares, porém não houve interferência no crescimento em área basal e cobertura de espécies arbóreas. O pastejo bovino favoreceu a formação de um estrato intermediário de regeneração, com maior diversificação de plantas herbáceas, arbustivas, subarbustivas e gramíneas nativas. Enquanto a restrição de pastejo tem favorecido o crescimento de árvores esparsas em meio a áreas dominadas por gramíneas exóticas. Do ponto de vista financeiro, o pastejo controlado sem o controle de gramíneas exóticas foi o único tratamento rentável, com um valor presente líquido de R$ 2.374,68 em cinco anos. Assim, o manejo do gado sem adoção de tratos culturais nas pastagens se torna uma alternativa viável do ponto de vista ecológico e financeiro para o uso sustentável e restauração do cerrado.