Análise crítica e descritiva do sistema de informação e têmporo-espacial de casos humanos de febre maculosa no estado de São Paulo entre os anos de 2007 e 2017

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Xavier, Daniele Rosa
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Análise de Agrupamentos; Avaliação de Risco; Cluster Analysis; Febre Maculosa; Health Surveillance; Information Systems; Risk Assessment; Sistemas de Informação; Spotted Fever; Tendências; Trends; Vigilância em Saúde
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-16092022-164956/

OBJETIVOS: Avaliar completitude e oportunidade dos dados registrados no Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) para os casos de febre maculosa (FM) no estado de São Paulo; Analisar as tendências das taxas de incidência e mortalidade por febre maculosa brasileira (FMB) com base na distribuição espacial de cada vetor; Investigar desfechos por locais de internação; Identificar quais as áreas de maior risco de ocorrência de FM, qual a sua distribuição por zona de ocupação humana e se este risco se manteve estável no território ao longo do período estudado; Projetar a provável evolução da ocorrência no tempo e no espaço. MÉTODOS: Esta tese está dividida em três manuscritos. Manuscrito 1: Trata-se de estudo descritivo e ecológico dos casos humanos confirmados de FM, notificados no SINAN de 2007 a 2017 no estado de São Paulo analisando atributos completitude e oportunidade de dez campos da ficha de notificação. Realizou-se regressão linear para avaliar as tendências das séries temporais (p<0,05). Manuscrito 2: Estudo de série temporal utilizando dados secundários de casos humanos confirmados de FMB por carrapato-vetor no estado de São Paulo, utilizando o software Joinpoint. Os dados foram georreferenciados pelos locais de internação. Manuscrito 3: Trata-se de estudo ecológico de varredura espaço-temporal de casos humanos confirmados notificados de FM com análise do risco de ocorrência da doença no local provável de infecção (LPI), por meio do SaTScan. RESULTADOS: Manuscrito 1: Foram analisados 736 registros. Dos campos essenciais, apenas Data da alta demonstrou baixa completitude (68,5%). Investigação e Encerramento tiveram boa oportunidade; demais intervalos não foram adequados. Manuscrito 2: Nas áreas de Amblyomma sculptum, houve tendência de aumento da incidência e mortalidade (ambos p<0,05), entre 2007 e 2015. Nas áreas de Amblyomma aureolatum, houve tendência de redução da incidência (p<0,05), enquanto a tendência de mortalidade permaneceu estável em todo o período estudado. A letalidade nos casos relacionados ao A. aureolatum foi maior do que nos casos de A. sculptum (67,1% contra 55,0%, p=0,037). A maioria dos pacientes foi hospitalizada próximo ao LPI. Manuscrito 3: No presente momento, comportamento predominantemente urbano para A. sculptum, A. aureolatum e Amblyomma ovale foi verificado, explicado pela atual expansão imobiliária e pelo maior contato de cães domésticos com áreas de floresta. Duas novas áreas potenciais de ocorrência da FM associadas a A. sculptum foram identificadas no período analisado; enquanto para A. aureolatum não houve nova área endêmica. CONCLUSÕES: No estado de São Paulo, a completitude dos dados de FM foi boa (80,0%) na maioria das variáveis estudadas, mas a oportunidade estudada não. Isso aponta para a importância de ações de educação e comunicação em saúde sobre FM. As curvas de incidência e mortalidade foram marcadamente diferentes de acordo com o carrapato-vetor, apontando para uma pior taxa de letalidade quando A. aureolatum foi implicado. Esses achados podem orientar ações específicas de vigilância e abordagens assistenciais, considerando os diferentes territórios. O delineamento ecológico com análise espaço-temporal permitiu melhor detecção de aglomerados de alto risco de distribuição da FM em humanos no espaço e no tempo, contribuindo para a estruturação de ações em saúde coletiva específicas para as diferentes áreas do estado.