Alimentação, sensibilidade e preferência ao gosto doce na quimioterapia para o câncer de mama

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Palazzo, Carina Carlucci
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-29082016-101248/
Resumo: O tratamento quimioterápico para o câncer de mama está relacionado a alterações do paladar, do hábito alimentar e ao ganho de peso, embora a relação entre estes três aspectos ainda não seja elucidada. O objetivo deste trabalho foi identificar e compreender como a alimentação é vivenciada e significada pelas mulheres em tratamento quimioterápico para o câncer de mama e avaliar as possíveis mudanças alimentares e como estas se relacionam à sensibilidade e preferência ao gosto doce, ao peso e a composição corporal. Utilizou-se metodologia mista, com emprego de abordagem quantitativa e qualitativa para coleta e análise dos dados. Foram avaliadas 31 mulheres com diagnóstico de câncer de mama e indicação para quimioterapia em esquema contendo antraciclinas, em dois momentos: antes do início (T0) e após a quarta sessão de quimioterapia (T1). Em T0 e T1, foram avaliados dados antropométricos (peso, altura e composição corporal a partir de bioimpedância elétrica), consumo de alimentos e bebidas de gosto doce (divididos nas categorias: \"doces saudáveis\" para frutas e sucos naturais e \"doces não saudáveis\" para bolos, bolachas, balas, sorvetes, refrigerantes, sucos artificiais, doces caseiros e chocolate), sensibilidade à sacarose e concentração preferida de sacarose em suco de caju. Em T1 foi também aplicada uma entrevista a partir de roteiro semi estruturado. Os resultados da etapa quantitativa mostraram que entre os tempos avaliados as pacientes apresentaram ganho médio de peso de 2,1 Kg (p = 0,00) e aumento do IMC, que passou de 29,3 Kg/m2 em T0 para 30,1 Kg/m2 em T1 (p = 0,00), embora sem variações dos parâmetros referentes à composição corporal (p >= 0,05). A avaliação do consumo de alimentos e bebidas de gosto doce mostrou aumento do consumo de \"doces saudáveis\" (p = 0,00), diminuição do consumo de refrigerantes (p=0,04) e manutenção dos demais produtos avaliados (p >= 0,05), com correlação positiva entre a variação do consumo de \"doces saudáveis\" e variação de peso (r = 0,38; p = 0,04). A avaliação sensorial apontou para a manutenção da sensibilidade e da concentração de sacarose preferida, embora diminuição da sensibilidade entre T0 e T1 esteja associada a maior consumo \"doces não saudáveis\" em T1, enquanto aumento da concentração de sacarose preferida esteja associada ao maior consumo de \"doces saudáveis\" em T1. A partir da análise das entrevistas, emergiram os temas: doença e tratamento, ganho de peso, a relação com a alimentação e alimentação como o que foge ao alcance. Constata-se que o tratamento quimioterápico para o câncer de mama foi acompanhado de mudanças alimentares que estão relacionadas ao ganho de peso observado. As mudanças alimentares podem estar associadas à mudanças no paladar, mas são mais fortemente relacionadas às representações, crenças e expectativas construídas em torno do diagnóstico e tratamento do câncer de mama.