Apoptose em infecção pelo vírus Oropouche

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Acrani, Gustavo Olszanski
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17136/tde-13032024-142153/
Resumo: Oropouche (OROV) é um vírus de RNA de fita simples pertencente à família Bunyaviridae, gênero Orthobunyavirus e sorogrupo Simbu, que causa a segunda mais freqüente arbovirose febril aguda no Brasil. Estima-se que mais de meio milhão de casos de febre do OROV ocorreram no país nos últimos 30 anos. A febre do Oropouche é relatada principalmente na região Amazônica, porém, com o aquecimento global, o desmatamento, e a redistribuição de insetos vetores, o risco da disseminação do vírus para outras áreas do Brasil e da América do Sul aumenta. Tem sido demonstrado que grande variedade de vírus induzem apoptose quando infectam células em cultura e modelos animais. Este estudo foi feito para determinar se a apoptose desempenha um papel importante no efeito citopático causado pelo vírus Oropouche in vitro em células HeLa. A infecção dessa cultura de células resultou em fragmentação do DNA, detectada pelos ensaios de TUNEL (terminal deoxynucleotidyl transferase-mediated nicked-end labeling), eletroforese em gel de agarose e análise do conteúdo nuclear por citometria de fluxo (população Sub-G1). Os resultados mostraram que células HeLa infectadas por OROV apresentaram um alto grau de fragmentação do DNA após 36 horas de infecção. Ativação de caspase 9, caspase 3 e liberação de citocromo c da membrana da mitocôndria também foram detectados durante a infecção pelo vírus, conforme revelado em ensaios de \"western blot\" e citometria de fluxo. A inoculação de vírus inativados por radiação ultravioleta não induziu apoptose neste modelo, revelando que a ligação do vírus com as células não é suficiente para desencadear esta resposta. O tratamento das células com Cloroquina e Cicloheximida também revelaram que a saída do vírus do endossomo e a replicação do mesmo são necessárias para a indução de apoptose. Além disso, foi mostrado que inibidores de caspases impediram a apoptose induzida pelo OROV sem afetar a replicação do vírus. A clonagem e expressão da proteína não estrutural NSs de OROV em células HeLa revelou um potencial papel desta proteína no mecanismo de indução de apoptose pelo vírus. Nossos resultados mostram então que apoptose é uma importante conseqüência da infecção pelo vírus Oropouche in vitro, a qual ocorre através de uma via intracelular que envolve a mitocôndria, e que é provavelmente acionada durante o processo de replicação e síntese das proteínas virais. A análise da indução de apoptose foi também realizada em modelo animal, onde foi observada marcação de TUNEL em tecidos de cérebros de hamsters infectados por OROV, sugerindo que o processo de apoptose também possa ser importante para infecção in vivo.