Detecção e quantificação do infarto do miocárdio pelo eletrocardiograma: validação pela ressonância magnética cardiovascular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Guerra, Maria Catarina de Melo Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-23092024-161838/
Resumo: Introdução - Na avaliação da cardiopatia isquêmica, a ressonância magnética cardíaca (RMC) é considerada o padrão-ouro para detecção, localização e avaliação da extensão do infarto do miocárdio (IM), mas o eletrocardiograma (ECG) é menos dispendioso e mais disponível. Entretanto, o reconhecimento do IM pelo ECG fora da fase aguda é desafiador, uma vez que as ondas Q estão ausentes numa proporção significativa dos pacientes e podem reduzir ou desaparecer com o tempo. Há escassez de estudos avaliando outros critérios eletrocardiográficos no contexto da doença arterial coronariana (DAC) crônica. Esse estudo se propôs a avaliar o desempenho do ECG para detecção e localização de IM fora da fase aguda, buscando achados adicionais para melhorar sua acurácia em comparação com a RMC numa amostra da população brasileira. Adicionalmente, avaliou o desempenho do ECG para estimar o tamanho do IM e a viabilidade miocárdica por meio dos escores de Selvester e DETERMINE. Métodos Foram incluídos 352 indivíduos que realizaram RMC e ECG, sendo 241 pacientes com IM prévio confirmado pela RMC-RT e 111 controles com RMC normal. Os traçados de ECG foram analisados segundo dois métodos: clássico, que identificou o IM pela presença de ondas Q patológicas, e ampliado, que adicionou outros critérios, como fragmentação do complexo QRS (fQRS), ondas R amplas em V1 e V2, e a progressão reversa de R de V1 a V4. A estimativa do tamanho do IM pelo ECG foi realizada pelo escore de Selvester e por outro mais simples, o DETERMINE. Resultados - Ambos os métodos do ECG apresentaram bom desempenho para o diagnóstico do IM, sendo que o ampliado obteve maior sensibilidade (77,6% x 69,3%), às custas de menor especificidade (85,6% x 99,1%). Para a localização lateral, a sensibilidade do método clássico foi muito limitada (42,9%), enquanto a do ampliado foi de 71,4%. As acurácias dos escores de Selvester e DETERMINE para avaliação do tamanho do infarto foram altas: área sob a curva (ASC) de 0,8 (0,75-0,84) e 0,76 (0,71-0,81), respectivamente. Ambos os escores apresentaram também alta acurácia para a estimativa da viabilidade miocárdica (ASC de 0,78 (0,71-0,86) e 0,75 (0,66-0,84), respectivamente). A fQRS estava presente em 43,6% dos casos e apenas 1,8% dos controles, e sua prevalência variou com o tamanho do infarto e com a fração de ejeção do ventrículo esquerdo, mas não com a localização do IM pela RMC. Conclusões O ECG se mostrou um método com boa acurácia para detecção de um IM prévio quando comparado à RMC-RT tanto pelo método clássico (78,7%) quanto pelo ampliado (85,8%), com sensibilidade significativamente maior para o método ampliado. De forma original na literatura, nosso estudo demonstrou boa acurácia dos escores de Selvester e DETERMINE para predizer a viabilidade miocárdica definida por RMCRT (ASC de 0,78 e 0,75, respectivamente), além de confirmar o desempenho desses escores para avaliar o tamanho do infarto (ASC de 0,8 e 0,76, respectivamente). A diferença marcante na frequência da fQRS entre casos e controles pode levar a uma maior valorização desse achado na prática clínica