Influência da dorzolamida tópica na espessura da córnea de coelhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Almeida Junior, Gildásio Castello de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17141/tde-14042025-121102/
Resumo: A enzima anidrase carbônica é encontrada no endotélio corneano e participa ativamente na regulação da hidratação estromal. Como a dorzolamida 2% é um potente inibidor da anidrase carbônica, é possível que interfira na hidratação corneana. Os trabalhados publicados na literatura até o momento, referentes aos efeitos colaterais causados pelo uso da dorzolamida 2% na córnea, são contraditórios. Este trabalho foi realizado com o intuito de estudar experimental e controladamente o efeito da dorzolamida sobre a hidratação corneana, utilizando a paquimetria ultra-sônica da córnea, como indicador indireto deste fenômeno. Foram estudados 28 coelhos, Nova Zelândia albinos, machos, com mais de 3 Kg de peso e com idade superior a 16 semanas, divididos aleatoriamente em quatro grupos: Grupo Dorzolamida: olhos que receberam dorzolamida 2% colírio a cada 8 horas; Grupo Contra-lateral da Dorzolamida: olhos não tratados contra-laterais aos olhos do Grupo Dorzolamida; Grupo Placebo: olhos tratados com colírio placebo a cada 8 horas; Grupo Contra-lateral do Placebo: olhos não tratados contra-laterais aos olhos do Grupo Placebo. O estudo foi mascarado, e as medidas foram realizadas semanalmente às 11 horas da manhã por meio de um paquímetro ultra-sônico, sendo as mesmas executadas por um único examinador, que desconhecia o protocolo de instilação dos colírios. O tempo do estudo foi de dezoito semanas. Os efeitos dos tratamentos sobre as espessuras das córneas foram medidas mediante uma variável chamada de Porcentagem de Variação Paquimétrica (PVP). Esta variável foi calculada do seguinte modo: cada medida (Pqn) era subtraída da paquimetria inicial (Pqi) correspondente, ou seja, a paquimetria feita antes dos tratamentos. Essa diferença era então dividida pela paquimetria inicial, e o resultado final multiplicado por 100. A Porcentagem de Variação Paquimétrica não demonstrou significância (p=0,561) em função do tempo no Grupo Placebo, bem como a do Grupo Contra-lateral do Placebo (p=0,182). O experimento revelou diferença marginalmente significativa (p=0,063) entre as Porcentagens de Variação Paquimétrica nos olhos tratados com dorzolamida e placebo, mostrando que a dorzolamida não aumentou a espessura da córnea, como era esperado no início do experimento. O Grupo Contra-lateral da Dorzolamida mostrou uma diferença significativa da Porcentagem de Variação Paquimétrica em relação ao Grupo Placebo (p=0,0034). As diferenças de Porcentagens de Variação Paquimétrica do Grupo Placebo e o Contra-lateral do Placebo (p=0,571), como também as diferenças de Porcentagens de Variação Paquimétrica do Grupo Dorzolamida e do Grupo Contra-lateral da Dorzolamida, não demonstraram significância (p=0,275). Conclui-se que, nas condições deste estudo, a dorzolamida 2%, quando usada por dezoito semanas em olhos sadios de coelhos, diminuiu a espessura da córnea, talvez por ativar mecanismos compensatórios existentes na córnea. Existe a possibilidade que estes mecanismos possam também influenciar na espessura da córnea no olho contra-lateral ao tratado com dorzolamida 2%, pelos resultados encontrados no Grupo Contra-lateral da Dorzolamida. Se os olhos dos humanos reagirem como os dos coelhos, aumenta-se a perspectiva de que a dorzolamida possa interferir nos mecanismos de regulação da hidratação da córnea dos usuários crônicos, com conseqüências ainda desconhecidas.